Embora isso mexa com a emoção de muitas pessoas, é fato que apesar de se tentar manter os peixes o mais saudáveis possível, às vezes alguns ficam doentes. Também é fato que mesmo se tentando fazer o melhor possível para salvar os doentes, alguns não melhoram e chegam ao chamado estado terminal. O que fazer então? A resposta vai depender da natureza de cada pessoa e das condições específicas do momento.
Se você está acompanhando de perto a situação do peixe e quer ter a paz de espírito de saber que fez absolutamente tudo para salvá-lo, então insista no seu tratamento até que ele melhore ou morra. Note que neste caso você pode estar prolongando por muitos dias o sofrimento de um peixe que na verdade não tem mais chance de recuperação.
Por outro lado, se você é capaz de lidar bem com o fato de estar deliberadamente matando um peixe de estimação e convencido que será melhor para ele, então a eutanásia é a opção, da mesma maneira que para outros animais de estimação. Note que neste caso você sempre estará correndo o risco de matar um peixe que na verdade poderia ter salvação.
Se você chega à conclusão que a eutanásia é a melhor opção, então como fazê-la para minimizar o sofrimento do peixe? Várias soluções já foram propostas na literatura. Métodos há muitos - matar é fácil - mas como fazer isto sem que o peixe sofra mais do que sofreria morrendo pela doença é o que queremos. Como fazer para que essa morte seja a mais rápida e indolor possível?
O assunto é muito polêmico e difícil de discutir para quem ama os animais em geral - indicativo de que tem condições de amar as pessoas e a vida - e mais difícil ainda para quem se apega de alguma forma a um animal de estimação - no caso um peixe - sobre o qual tem responsabilidade total. Mas há algumas considerações que aparentemente são amplamente aceitas:
O método deve resultar em morte o mais rápida e indolor possivel. O método utilizado deve ser feito por quem tenha domínio sobre a técnica e o manuseio do material utilizado O método tem que ser ética- e esteticamente aceitável para quem o aplica, compatível com o pensamento e a estrutura psicológica de seu executor.
Também é razoável assumir que os melhores resultados em geral são os que incluem o uso prévio de substâncias anestésicas em conjunto com qualquer outro método. Muitos destes procedimentos e materiais para anestesia não estão ao alcance do aquarista comum, pois poderiam ser danosos para o usuário destreinado. Mas quem tem acesso a anéstesicos e aos cuidados para seu uso em peixes não deve se furtar de tirar proveito disso. Na verdade é a única forma garantida de não produzir sofrimento para o peixe, e ajuda bastante nos efeitos sobre os sentimentos morais e éticos do aquarista. Neste caso, talvez sejam desnecessárias as recomendações quanto aos cuidados pois quem tem experiência no seu uso certamente as conhece bem. Se o aquarista não tiver experiência no manuseio e aquisição fácil dos anestésicos, de nada adiantarão maiores discussões e quem os conhece, certamente prescinde disto.
Tendo em vista tudo isto, vamos descrever em seguida algumas das opções mais usadas e apresentar apenas uma breve análise de cada uma, pois no final a decisão sobre qual método (ou combinação) usar tem que ser sua.
A. Métodos Químicos
1- Overdose de anestésicos Utiliza produtos de venda restrita como benzocaína, hidrocloreto de benzocaína, sulfato de quinaldina, sódio-pentobarbital, 2-fenoxietanol, cloreto de etila, tricaína metano sulfonato (TMS, MS222). Estes produtos, por serem anestésicos poderosos, não são de acesso fácil aos aquaristas comuns. A maioria destes compostos são perigosos e requerem cuidados especiais ao serem manipulados, sendo utilizados somente por pessoas devidamente treinadas em locais controlados como laboratórios e hospitais. Em doses adequadas, estes produtos produzem sono profundo, coma e morte.
2- Éter Dietílico/Sulfúrico Foi o primeiro anestésico geral usado em medicina. À venda em farmácias sem maiores problemas. O éter apresenta um ponto de ebulição baixo, próximo a temperatura ambiente. Por isso, mais perigoso do que inalá-lo é o risco de explosão. Em dias quentes a pressão no interior dos frascos que armazenam o éter é grande e se esse frasco, principalmente se for de vidro, for manipulado de forma inadequada, ele pode explodir ao ser tocado. Isso é um acidente muito comum nos laboratórios de química. Outro ponto é que o vapor de éter se acúmula próximo ao chão, e se algum desavisado que estiver fumando próximo jogar uma bituca acesa no chão...!!! Serve para quem tenha os devidos cuidados e conhecimento de manuseio. Coloca-se o peixe num recipiente seco e levemente fechado, onde haja um algodão embebido na droga. Isto o fará dormir - se não o matar. Em seguida procede-se a outro método qualquer para a morte. O próprio éter pode matar, dependendo do tempo de exposição. O éter é de fato desaconselhado para o aquarista que não tenha conhecimento para manuseá-lo, pelo risco de explosão, incêndio, etc. Além disto, deve-se tomar muito cuidado com o éter estocado há muito tempo pela possibilidade da produção de outros tóxicos. Não é mesmo recomendado para quem não tenha experiência com ele.
3- Método da Vodka Retira-se a água do aquário (o necessário para abrigar o peixe), colocando em uma jarra ou balde, acrescenta-se 10-20% de uma vodka (por exemplo) ou 5-10% de álcool comum, e em seguida introduz-se o peixe. O álcool vai atuar como anestésico, fazendo o peixe deitar-se no fundo em poucos segundos e literalmente "embriagar-se" até a morte em poucos minutos. O método NÃO envolve jogar o peixe direto no álcool! Existe uma diferença brutal entre o álcool puro/concentrado e o álcool diluído em termos da sensibilidade das mucosas, o que nós mesmos podemos perceber quando provamos na boca uma bebida alcoólica fraca ou uma muito forte.
4- Óleo de Cravo Semelhante ao descrito para o álcool, mas em dose bem menor. Na dose de 40 mg/L produz anestesia em 1 min em formas jovens de peixes médios.
5- Método do Alka-Seltzer ou do Bicarbonato Ambos consistem na produção de CO2 pela reação química entre um ácido e bicarbonato. A diferença é que no comprimido de Alka-Seltzer, um ácido orgânico fraco na forma sólido (geralmente ácido cítrico) vem misturado ao bicarbonato e a reação só ocorre na presença de água. Induzem narcose e morte por asfixia devido à produção de CO2 em alta concentração na água. Algumas pessoas defendem o método como indolor, enquanto outras criticam afirmando que o peixe sofre bastante.
B. Métodos Físicos
6- Método da Fritura (Cozimento) Neste caso se coloca água para ferver e, quando estiver em grande ebulição, joga-se o peixe na panela...Ouve-se um SHHHHH por 2 ou 3 segundos, dependendo do tamanho do peixe e ele parece um torpedo durante estes segundos. Suas proteínas rapidamente se desnaturam, sobrevindo morte quase imediata. Neste caso o maior sofrimento costuma ser para o aquarista ao ver a cena.
7- Método do Congelamento Coloca-se o peixe numa vasilha com água do aquário e em seguida esta vai para o congelador ou freezer. Algumas pessoas defendem o método por acreditarem que o peixe, sendo de sangue frio, não sofre com o resfriamento e congelamento. Além disso é conveniente para o aquarista pois o peixe não morre à sua vista. Mas infelizmente não há máquina de congelamento imediato...às vezes demora muito para o peixe morrer. Certamente ocorre um atordoamento após certo tempo, como se pode imaginar, mas não sabemos realmente o impacto sobre o peixe enquanto ele está consciente e, até prova em contrário, não parece um método muito aconselhável.
8- Método da Desidratação Simplesmente retira-se o peixe da água e o deixa secar ao ar. Ele não mata o peixe imediatamente, mas apenas o atordoa e lhe tira a "consciência", mais ou menos como o CO2 e principalmente pela impossibilidade de funcionamento das funções cerebrais do peixe. Mas também é demorado e muito criticado por isto, produzindo perda das funções branquiais levando à asfixia. Como é um método desagradável também para o aquarista, não é recomendável. No entanto, junto com o congelamento, é o método pelo qual morre a maior parte dos peixes para nossa alimentação.
C. Métodos Mecânicos
9- Método da Decapitação Viável para peixes não muito grandes. Coloca-se o peixe de lado sobre uma tábua e usa-se uma faca como guilhotina para separar a cabeça em um só golpe. Deve ser feita com atordoamento ou anestesia previa do peixe, embora muitos não façam assim.
10- Método da Secção Espinhal Alternativa à decapitação para peixes maiores, mas não é o melhor pois o peixe estaria vivo enquanto o O2 não lhe faltasse completamente. Seus olhos estão ligados diretamente ao cérebro, como talvez outros nervos que não saiam da medula, como em outros animais que tem nervos craneanos. Pode haver sofrimento embora o peixe não mostre movimento por causa da secção da medula, mas muitos consideram esta como a melhor opção para o peixe. Você deita o peixe de lado, pega um facão e corta a espinha dorsal dele, logo atrás da cabeça. O problema com este método é que quem não tiver vocação para cirurgião poderá ter dificuldades em o fazer.
12- Método do Esmagamento Aplicável a peixes pequenos. Coloca-se o peixe dentro de saco plástico, deita-se este sobre uma superfície plana, e se o atinge abruptamente com um objeto pesado e com superfície de choque plana para um esmagamento rápido e total. A morte é instantânea e consequentemente indolor, no entanto, esteticamente tem peso negativo. É cruento e, embora rápido, a cena deve ser pouco agradável para aquele que a pratica. Também não há duvidas de que só seria realmente seguro com peixes bem pequenos...com peixes maiores talvez a eficiência quanto ao tempo e diminuição de sofrimento ficasse comprometida, por não conseguir-se completar o ato de uma só vez.
13- Método da Concussão Alternativa para os peixes bem maiores. Coloca-se o indivíduo num saco plástico, e num golpe rápido e potente, bate-se o saco com força contra uma superfície dura - de tal forma a causar-lhe traumatismo craneo-encefálico (TCE) e ruptura de seus órgaos. Se o aquarista não se sentir mal em o fazer, talvez seja aceitável, no entanto é importante notar que ele pode produzir apenas concussão cerebral e não se pode parar aí pois o TCE simplesmente não é sinônimo de morte. Neste caso tem que se ser seguido de outra ação que efetivamente garanta sua morte.
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Um comentário:
SOU TOTALMENTE CONTRA, MELHOR DEIXAR O PEIXE SEPARADAMENTE EM ALGUM LOCAL ATE ELE MORRER.
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