quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Hidropsia - A barriga-d'água dos peixes

A Hidropsia não é uma doença, mas um conjunto de sintomas e sinais que surgem no decorrer de certas doenças. Ocorre quando há retenção de líquidos na cavidade abdominal, músculos e pele dos peixes, com consequências para todos os seus orgãos. Quando isto ocorre, o nivel de proteínas do sangue diminui muito, o sangue se dilui, fica aquoso. Ocorre insuficência dos rins e do coração do peixe. Ele não consegue eliminar água de seu organismo. Incha. As escamas, que estão presas a ele só por uma parte, se levantam, eriçam. Sobrevem lesões nas guelras, intestinos, etc. "A degeneração do coração e dos rins é causada por toxinas que podem ser de origem fermentativa, tumoral ou parasitária". Muita gente considera a hidropsia como uma doença, por isto vemos vários autores, cada um apontando uma causa. Mas ela não tem só uma causa, porque não é uma doença. É uma síndrome. A causa mais comum apontada é uma bactéria, a Pseudomonas puntacta. É uma causa importante da hidropsia infecciosa. Mas também na tuberculose, na lepidortose, em algumas viroses e até em aquários com excesso de nitratos pode ocorrer a hidropsia. Há casos em que não é possivel encontrar um agente causador. Há outras situações que em certos aspectos podem simular a hidropsia: problemas ovarianos em fêmeas e tumores malignos e benignos em certas localizações, a oclusão intestinal, gases, constipação intestinal, etc. Em quase todas as situações a alimentação errada, como dar sempre o mesmo alimento, principalmente não vitaminados, podem causar o aumento do volume do peixe ou mesmo levar a uma situação mais grave, pois com alimentação errada o peixe tem sua imunidade diminuída. Mesmo no caso da infecção por P. puntacta, esta só ocorre se o organismo estiver debilitado pelas condições de vida dele. Em todos os casos de aumento global do volume do peixe, parecendo inchado, ele deve ser imediatamente removido para um aquário hospital.

Prevenção - QuarentenaA prevenção para todas as doenças é a mesma. E para todas elas a prevenção é o mais importante. Devemos sempre pensar na saúde como um equilibrio entre o hospedeiro (peixe), agente agressor (físico, químico, biológico) e o meio (água). O aquário é um sistema fechado, tem poder de autodepuração limitado. À medida que esta capacidade vai se esgotando, as condições da água vão piorando. Numa progressão, digamos, exponencial em relação ao tempo. Até que de repente o sistema entra em colapso. A água é um solvente universal em nosso planeta. Assim, qualquer agente patogênico (que cause doença) se difunde nela com rapidez, e os peixes vivem nesse ambiente em contato direto com esses agentes. Os peixes têm um sistema imunológico que os defende de muitas agressões, mas não de todas, e principalmente não durante todo o tempo. Eles produzem excreções como fezes, urina, amônia, e nadam num meio em que isto tudo está dissolvido. À medida em que o nivel desses poluentes vai crescendo, os problemas vão aumentando. Por isto é tão importante evitar a superpopulação, fazer trocas parciais de água, a boa filtragem, a sifonação do fundo, o controle dos parâmetros fisico-químicos, etc. Pelo mesmo motivo há gente que considera inadequada a formula de 1 cm de peixe para l litro de água, pois 1 cm de um paulistinha não tem o mesmo significado de 1 cm de um acará ou de um kinguio. Melhor seria se o cálculo fosse feito pela relação peso do peixe/litro de agua, tipo 1 g de peixe para 3 ou mais litros de água. Os três fatores mais importantes na prevenção de doenças são:

Desinfecção e quarentena para peixes e plantas novas Composição da água do áquario Alimentação A Quarentena é essencial pois, por melhor que pareça um peixe recém-adquirido, não se pode saber se ele é portador de algum agente patogênico incubado. Há muitas doenças que só se manifestam com o tempo e o período de 3 ou 4 semanas, em geral, é o suficiente para o aparecimento delas. Levar um agente patogênico para um sistema fechado é igual a doença futura, talvez uma epidemia. Por que não prevenir isto? É muito mais barato e menos estressante para um bom aquarista e principalmente para seus peixes,prevenir uma epidemia do que combatê-la.

Prevenção - Condições da ÁguaA temperatura da água deve ser a mais constante possível, e apropriada para as espécies co-habitantes, embora qualquer peixe resista às variações naturais, lentas e graduais da temperatura, até um certo limite. A iluminação adequada em aquários plantados é também necessária à "saúde" da água. Várias espécies de peixes necessitam de quantidades diferentes de claridade, pelo que devemos dar condições de eles escolherem, com cavernas, troncos, etc. Aqueles de hábitos mais noturnos não estão bem adaptados a viverem todo o dia sob intensa luminosidade. Dureza e pH devem ser compatíveis com os peixes, daí a necessidade de se estudar as características e necessidades de cada um para saber quais poderão ficar juntos. Por exemplo, neon e molinésia não fazem um bom par no aquário pois se um estiver nas condições de água que lhe são propícias, o outro estará em más condições. Um dos dois ficará doente algum dia. Acará Bandeira gosta de agua morna, não deve ficar com Tanictis, por exemplo, de agua fria. Peixes de agua mole não se sentem bem na água que estiver boa para peixes de água dura, etc. Peixe em condições inadequadas para as quais sua espécie está adaptada, é peixe que certamente ficará doente, ou no minimo morrerá mais cedo.
Prevenção - AlimentaçãoA dieta deve ser balanceada, vitaminada e variada. Aí entra um fator muito importante: as vitaminas sofrem intensamente a influência do calor e também da luz e umidade. Por isto, não podemos nos preocupar unicamente com a data de validade de um alimento ou de um medicamento. (Os medicamentos, principalmente;portanto cuidado ao comprar um remédio na farmácia e o balconista lhe disser "pode levar, ainda não venceu". Procure pelo que estiver há menos tempo na prateleira. É mais seguro). O mais importante é a data de fabricação. O prazo de validade teria importância se o medicamento, vitaminas, etc, fosse conservado em temperatura, em geral, de no máximo 30°C. Ocorre que num país como o nosso, onde na maior parte das cidades a temperatura no verão ultrapassa os 40°C à sombra, qualquer vitamina que tenha sido fabricada há pelo menos um verão, está alterada. A não ser que tenha sido armazenada em ambiente com controle de temperatura. Além disso, a ração deve ser variada. Não adianta dar sempre a mesma ração. Por melhor que seja, ela não será completa. O peixe, como nós e as plantas, precisa de "elementos-traços", que dificilmente estarão incluídos numa só. Compre sempre ração em recipientes menores, de acordo com a quantidade de peixes. Não tire todo o lacre, só abra um pedaço. Mantenha fechado em lugar seco, arejado e sem incidência de sol. Dê sempre o mínimo de comida necessária de cada vez, aumentando a frequência até a quantidade total para o dia. Não dê quantidade que os peixes não consigam consumir de imediato. Exceto, é claro, alimentos de fundo e nesse caso, nunca dê se ainda houver resíduos do anterior. Sempre que possivel, ofereça alimentos vivos, tomando cuidado com cada tipo de alimento pois muitos deles podem trazer bactérias ou outros patógenos. Ironicamente, o maior problema que a boa prevenção produz, é sobre o aquarista. Ele fica com pouca experiência no tratamento de doenças.

TratamentoO início imediato do tratamento é essencial. Quanto mais cedo se iniciar, melhores as chances de o peixe reagir. À medida que o tempo passa, as condições do peixe pioram, suas defesas diminuem, seus órgãos caminham para o colapso, ficando o tratamento cada vez mais dificil. Durante o tratamento, o peixe deve ser colocado no aquário hospital, tanto para o tratamento em si como para proteção dos outros. A água deve ter os parâmetros adequados para a espécie, evitando-se porém águas muito ácidas para melhor ação dos antibióticos, no caso de usá-los. Eles em geral não funcionam bem em meio ácido. Deve ser oferecida alimentação variada, vitaminada e de preferência com alto teor de vitaminas A e D. A água deve ter boa aeração. Não pode ter filtração, ou pelo menos nenhuma filtração química. A hidropsia, principalmente as infecciosas, tem difícil cura, mas está provado não ser impossivel. Como em qualquer doença, quanto antes se iniciar o tratamento, mais possivel se faz a cura. Como voce vai saber se seu peixe vai se curar? Só tentando. Se você ler que a cura é impossivel, não acredite. Tente. Há inúmeros relatos de sucesso. Nenhum sucesso em quem não tentou.
Contra a inchação do peixe, em si, para ajudá-lo a eliminar água, pode-se tentar o uso do sal grosso - sem iodo. Evitar seu uso em peixes tipo cascudos, limpa-vidros, etc. O uso de 1 colher, das de sopa, cheia de sal para 10 litros de agua é recomendado por alguns autores. Vamos nos referir ao tratamento da hidropsia por bactérias. O uso de antibióticos é importante porque, matando os germes, basicamente causadores da doença ou simples oportunistas (que se aproveitam das condições debilitadas do peixe), o doente terá melhores condições de se recuperar. Vários antibióticos são usados. Há aquaristas que relatam bons resultados com o uso de Aureomicina (clorotetraciclina) na dose de 250 mg para cada 20 L de água durante 3 dias, renovando-se a solução após este prazo, até o restabelecimento do peixe. A Terramicina (oxitetraciclina) também é usada na dose de 50 mg por litro de água em banhos de 24 a 72 horas, renovando-se a solução se estiver dando resultado. A Cloromicetina (cloranfenicol) também é usada na mesma dosagem e tempo que a Terramicina. Há autores que referem bons resultados mesmo com o uso de 5 a 10 mg por litro de água.

Hoje usamos antibióticos mais potentes para o combate à Pseudomonas em humanos. Na verdade não são mais potentes, mas sim diferentes, pois a bacteria adquire resistencia facilmente. Nas que atacam no aquário,porém, não é de se esperar que esta resistência tenha ocorrido com frequência pois aí o uso de antibióticos não é abusivo como nos humanos. Um desses é o Ciprofloxacino. Não sei da experiência em peixes, mas correlacionando ao uso da Aureomicina, seria possivel usar 500 mg para 40 L de água, também até a cura, com troca da solução em 2 ou 3 dias. Não conheço muitos estudos sobre a toxicidade dos antibióticos sobre os peixes - só sobre bactérias e sobre humanos - mas autores que fazem referências a bons resultados com o uso da Aureomicina, dizem que após a cura, os peixes procriaram.

Doenças infecto-contagiosas dos peixes

Protozoários Infecto-Contagiosos de Água Doce A influência de protozoos na saúde dos peixes é largamente conhecida pela comunidade aquariófila, no entanto é difícil ao aquariófilo amador tentar fazer o diagnóstico correcto de que espécie se trata e qual o melhor tratamento que se deve aplicar. Assim, este texto pretende ser uma ajuda a todos aqueles que ambicionam conhecer e tratar convenientemente seus peixes.

Os protozoos são organismos unicelulares, chamados também de animais primitivos. Estes apresentam características que demonstram a sua adaptibilidade ao meio, como por exemplo os fitoflagelados que contêm clorofila, parte integrante do mundo vegetal e não animal como sabemos. Reproduzem-se sexual ou assexualmente, podem deslocar-se no meio seja por flagelos, seja por cílios ou até por projecções do próprio citoplasma (pseudópodos). Assim não devemos nunca pôr em causa a capacidade que estes pequenos seres têm de infectar os peixes. São em grande parte oportunistas, que esperam um peixe com imunidade baixa, devido a stress ou a más condições da água. Sabendo isto, à partida somos nós mesmos o primeiro tratamento preventivo do nosso aquário, mantendo-o sempre em condições de higiene apropriadas, evitando assim a propagação de qualquer tipo de protozoos.

Os protozoos dividem-se em 5 grupos:

Os cíliados (Ciliophora), caracterizados por apresentarem cílios e núcleos de duas classes. Os flagelados (Mastigophora), têm flagelos em alguma fase do seu ciclo de vida. Os apicomplexos, endoparasitas que têm um ciclo de vida complexo com emissão de esporas. Os microesporidios (microsphora). Os myxosporidios, diferenciam-se dos anteriores por terem 2 células infectantes em cada espora.

Segue-se agora uma lista dos principais agentes contagiosos, seus sintomas e respectivo tratamento.

Nome comum: Doença do ponto branco
- Agente: Icthyopthirius multifilis
- Ciclo biológico: Este protozoo tem 3 fases no ciclo, a parasitária em que se mantém entre a epiderme e a derme do peixe, saindo apenas quando está sexualmente maduro (trofonte). A fase quística, livre, em que se subdivide em vários quistos. E finalmente a dispersiva, em que se abre o quisto e liberta centenas de formas infectantes, as tomites. Estas com tamanho reduzido (40 microns) movimentam-se no meio através de movimentos ciliares procurando um hóspede, têm um tempo aproximado de vida de 50 horas.
- Sintomas: Como mecanismo de defesa do peixe, o protozoo é envolvido numa massa celular, sendo visto a olho nu como pequenos pontos brancos de 1 mm aproximadamente. Se chegar ao epitélio branqueal apresentam também dificuldades em respirar.
- Tratamento: Vários são os tratamentos eficazes contra o Ictio. No entanto, a fim de não intervir no ciclo do nitrogénio de seu aquário, o aumento de temperatura (31°C), durante a fase dispersiva é a forma mais “natural” de acabar com a doença, já que as tomites não toleram esta temperatura. Este tratamento deve ser feito durante uma semana, a fim de libertar também os núcleos da forma parasitária. No caso de não poder usar a temperatura, são eficazes o Formol, o cloreto de sódio e o azul de metileno.
Nome comum: Oodinose
- Agente: Fitoflagelado Piscinoodinium
- Ciclo: diferenciando-se do seu “primo” de água salgada por ter cloroplastos, que lhe permitem usar a luz como fonte de energia, este apresenta 3 fases como o Ictio. Na fase dispersiva são libertadas dinoesporas que por meio de movimentos flagelares procuram o hóspede. Estes protozoos localizam-se na pele, na camada subepiteliais, embora colonizem outras zonas como as brânquias.
- Sintomas: aparecimento de nódulos na pele “aveludados”, possível dificuldade respiratória.
- Tratamento: O permanganato de potássio, o verde de malaquite e o azul de metileno são eficazes contra este flagelado.
Nome comum: Costíase
- Agente: flagelados do género Ichthyobodo (das várias espécies destes protozoários bi-flagelados a mais comum é a I. necatrix).
- Ciclo: É dos mais simples entre os protozoários, pois coloniza a pele do hóspede com os seus flagelos e se as condições forem boas dividem-se por bipartição, movimenta-se na água e é assim que se transmite a outros peixes. Em caso de condições adversas podem permanecer enquistadas na pele do peixe ou até na água. É sem dúvida o ectoparasita mais comum de água doce.
- Sintomas: enturvamento da pele
- Tratamento: São mais eficazes os banhos com formalina e permanganato de potássio, podendo também usar os mencionados acima.

Eutanásia de peixes

Embora isso mexa com a emoção de muitas pessoas, é fato que apesar de se tentar manter os peixes o mais saudáveis possível, às vezes alguns ficam doentes. Também é fato que mesmo se tentando fazer o melhor possível para salvar os doentes, alguns não melhoram e chegam ao chamado estado terminal. O que fazer então? A resposta vai depender da natureza de cada pessoa e das condições específicas do momento.
Se você está acompanhando de perto a situação do peixe e quer ter a paz de espírito de saber que fez absolutamente tudo para salvá-lo, então insista no seu tratamento até que ele melhore ou morra. Note que neste caso você pode estar prolongando por muitos dias o sofrimento de um peixe que na verdade não tem mais chance de recuperação.
Por outro lado, se você é capaz de lidar bem com o fato de estar deliberadamente matando um peixe de estimação e convencido que será melhor para ele, então a eutanásia é a opção, da mesma maneira que para outros animais de estimação. Note que neste caso você sempre estará correndo o risco de matar um peixe que na verdade poderia ter salvação.
Se você chega à conclusão que a eutanásia é a melhor opção, então como fazê-la para minimizar o sofrimento do peixe? Várias soluções já foram propostas na literatura. Métodos há muitos - matar é fácil - mas como fazer isto sem que o peixe sofra mais do que sofreria morrendo pela doença é o que queremos. Como fazer para que essa morte seja a mais rápida e indolor possível?
O assunto é muito polêmico e difícil de discutir para quem ama os animais em geral - indicativo de que tem condições de amar as pessoas e a vida - e mais difícil ainda para quem se apega de alguma forma a um animal de estimação - no caso um peixe - sobre o qual tem responsabilidade total. Mas há algumas considerações que aparentemente são amplamente aceitas:
O método deve resultar em morte o mais rápida e indolor possivel. O método utilizado deve ser feito por quem tenha domínio sobre a técnica e o manuseio do material utilizado O método tem que ser ética- e esteticamente aceitável para quem o aplica, compatível com o pensamento e a estrutura psicológica de seu executor.
Também é razoável assumir que os melhores resultados em geral são os que incluem o uso prévio de substâncias anestésicas em conjunto com qualquer outro método. Muitos destes procedimentos e materiais para anestesia não estão ao alcance do aquarista comum, pois poderiam ser danosos para o usuário destreinado. Mas quem tem acesso a anéstesicos e aos cuidados para seu uso em peixes não deve se furtar de tirar proveito disso. Na verdade é a única forma garantida de não produzir sofrimento para o peixe, e ajuda bastante nos efeitos sobre os sentimentos morais e éticos do aquarista. Neste caso, talvez sejam desnecessárias as recomendações quanto aos cuidados pois quem tem experiência no seu uso certamente as conhece bem. Se o aquarista não tiver experiência no manuseio e aquisição fácil dos anestésicos, de nada adiantarão maiores discussões e quem os conhece, certamente prescinde disto.
Tendo em vista tudo isto, vamos descrever em seguida algumas das opções mais usadas e apresentar apenas uma breve análise de cada uma, pois no final a decisão sobre qual método (ou combinação) usar tem que ser sua.


A. Métodos Químicos

1- Overdose de anestésicos Utiliza produtos de venda restrita como benzocaína, hidrocloreto de benzocaína, sulfato de quinaldina, sódio-pentobarbital, 2-fenoxietanol, cloreto de etila, tricaína metano sulfonato (TMS, MS222). Estes produtos, por serem anestésicos poderosos, não são de acesso fácil aos aquaristas comuns. A maioria destes compostos são perigosos e requerem cuidados especiais ao serem manipulados, sendo utilizados somente por pessoas devidamente treinadas em locais controlados como laboratórios e hospitais. Em doses adequadas, estes produtos produzem sono profundo, coma e morte.

2- Éter Dietílico/Sulfúrico Foi o primeiro anestésico geral usado em medicina. À venda em farmácias sem maiores problemas. O éter apresenta um ponto de ebulição baixo, próximo a temperatura ambiente. Por isso, mais perigoso do que inalá-lo é o risco de explosão. Em dias quentes a pressão no interior dos frascos que armazenam o éter é grande e se esse frasco, principalmente se for de vidro, for manipulado de forma inadequada, ele pode explodir ao ser tocado. Isso é um acidente muito comum nos laboratórios de química. Outro ponto é que o vapor de éter se acúmula próximo ao chão, e se algum desavisado que estiver fumando próximo jogar uma bituca acesa no chão...!!! Serve para quem tenha os devidos cuidados e conhecimento de manuseio. Coloca-se o peixe num recipiente seco e levemente fechado, onde haja um algodão embebido na droga. Isto o fará dormir - se não o matar. Em seguida procede-se a outro método qualquer para a morte. O próprio éter pode matar, dependendo do tempo de exposição. O éter é de fato desaconselhado para o aquarista que não tenha conhecimento para manuseá-lo, pelo risco de explosão, incêndio, etc. Além disto, deve-se tomar muito cuidado com o éter estocado há muito tempo pela possibilidade da produção de outros tóxicos. Não é mesmo recomendado para quem não tenha experiência com ele.

3- Método da Vodka Retira-se a água do aquário (o necessário para abrigar o peixe), colocando em uma jarra ou balde, acrescenta-se 10-20% de uma vodka (por exemplo) ou 5-10% de álcool comum, e em seguida introduz-se o peixe. O álcool vai atuar como anestésico, fazendo o peixe deitar-se no fundo em poucos segundos e literalmente "embriagar-se" até a morte em poucos minutos. O método NÃO envolve jogar o peixe direto no álcool! Existe uma diferença brutal entre o álcool puro/concentrado e o álcool diluído em termos da sensibilidade das mucosas, o que nós mesmos podemos perceber quando provamos na boca uma bebida alcoólica fraca ou uma muito forte.

4- Óleo de Cravo Semelhante ao descrito para o álcool, mas em dose bem menor. Na dose de 40 mg/L produz anestesia em 1 min em formas jovens de peixes médios.

5- Método do Alka-Seltzer ou do Bicarbonato Ambos consistem na produção de CO2 pela reação química entre um ácido e bicarbonato. A diferença é que no comprimido de Alka-Seltzer, um ácido orgânico fraco na forma sólido (geralmente ácido cítrico) vem misturado ao bicarbonato e a reação só ocorre na presença de água. Induzem narcose e morte por asfixia devido à produção de CO2 em alta concentração na água. Algumas pessoas defendem o método como indolor, enquanto outras criticam afirmando que o peixe sofre bastante.

B. Métodos Físicos

6- Método da Fritura (Cozimento) Neste caso se coloca água para ferver e, quando estiver em grande ebulição, joga-se o peixe na panela...Ouve-se um SHHHHH por 2 ou 3 segundos, dependendo do tamanho do peixe e ele parece um torpedo durante estes segundos. Suas proteínas rapidamente se desnaturam, sobrevindo morte quase imediata. Neste caso o maior sofrimento costuma ser para o aquarista ao ver a cena.

7- Método do Congelamento Coloca-se o peixe numa vasilha com água do aquário e em seguida esta vai para o congelador ou freezer. Algumas pessoas defendem o método por acreditarem que o peixe, sendo de sangue frio, não sofre com o resfriamento e congelamento. Além disso é conveniente para o aquarista pois o peixe não morre à sua vista. Mas infelizmente não há máquina de congelamento imediato...às vezes demora muito para o peixe morrer. Certamente ocorre um atordoamento após certo tempo, como se pode imaginar, mas não sabemos realmente o impacto sobre o peixe enquanto ele está consciente e, até prova em contrário, não parece um método muito aconselhável.

8- Método da Desidratação Simplesmente retira-se o peixe da água e o deixa secar ao ar. Ele não mata o peixe imediatamente, mas apenas o atordoa e lhe tira a "consciência", mais ou menos como o CO2 e principalmente pela impossibilidade de funcionamento das funções cerebrais do peixe. Mas também é demorado e muito criticado por isto, produzindo perda das funções branquiais levando à asfixia. Como é um método desagradável também para o aquarista, não é recomendável. No entanto, junto com o congelamento, é o método pelo qual morre a maior parte dos peixes para nossa alimentação.

C. Métodos Mecânicos

9- Método da Decapitação Viável para peixes não muito grandes. Coloca-se o peixe de lado sobre uma tábua e usa-se uma faca como guilhotina para separar a cabeça em um só golpe. Deve ser feita com atordoamento ou anestesia previa do peixe, embora muitos não façam assim.

10- Método da Secção Espinhal Alternativa à decapitação para peixes maiores, mas não é o melhor pois o peixe estaria vivo enquanto o O2 não lhe faltasse completamente. Seus olhos estão ligados diretamente ao cérebro, como talvez outros nervos que não saiam da medula, como em outros animais que tem nervos craneanos. Pode haver sofrimento embora o peixe não mostre movimento por causa da secção da medula, mas muitos consideram esta como a melhor opção para o peixe. Você deita o peixe de lado, pega um facão e corta a espinha dorsal dele, logo atrás da cabeça. O problema com este método é que quem não tiver vocação para cirurgião poderá ter dificuldades em o fazer.

12- Método do Esmagamento Aplicável a peixes pequenos. Coloca-se o peixe dentro de saco plástico, deita-se este sobre uma superfície plana, e se o atinge abruptamente com um objeto pesado e com superfície de choque plana para um esmagamento rápido e total. A morte é instantânea e consequentemente indolor, no entanto, esteticamente tem peso negativo. É cruento e, embora rápido, a cena deve ser pouco agradável para aquele que a pratica. Também não há duvidas de que só seria realmente seguro com peixes bem pequenos...com peixes maiores talvez a eficiência quanto ao tempo e diminuição de sofrimento ficasse comprometida, por não conseguir-se completar o ato de uma só vez.

13- Método da Concussão Alternativa para os peixes bem maiores. Coloca-se o indivíduo num saco plástico, e num golpe rápido e potente, bate-se o saco com força contra uma superfície dura - de tal forma a causar-lhe traumatismo craneo-encefálico (TCE) e ruptura de seus órgaos. Se o aquarista não se sentir mal em o fazer, talvez seja aceitável, no entanto é importante notar que ele pode produzir apenas concussão cerebral e não se pode parar aí pois o TCE simplesmente não é sinônimo de morte. Neste caso tem que se ser seguido de outra ação que efetivamente garanta sua morte.

Aquário hospital de água doce

Aquário hospital é qualquer aquário usado com fins de aplicação de tratamento de peixes doentes. Ele é um aquário diferente do aquário principal, ou seja, os peixes devem sempre ser removidos a esse aquário hospital, onde serão medicados até que a doença seja devidamente curada. O aquário hospital costuma ser o mais básico dos aquários, possuindo apenas água, sem decorações ou substrato de fundo - o chamado "aquário pelado".
Deve possuir:

mecanismo de controle de temperatura da água (termostato/aquecedor/termômetro); mecanismo de aereação regulável; sifão, balde, rede (para captura de peixes) e todos os demais equipamentos de manutenção exclusivos do aquário hospital, evitando contaminação de outros aquários;

Pode ainda contar com uma lâmpada para iluminação, que se aconselha ser fraca, o suficiente para permitir observar o peixe e a evolução/regressão da doença. Se o ambiente for iluminado naturalmente, não se aconselha manter essa luz acessa, apenas se o aquário ficar muito escuro é que se deve mantê-la acesa (e no máximo por 12 horas).

Não deve possuir:

substrato - por questões de higiene e facilitar o controle de várias doenças; filtragem química - carvão ativado ou resinas afetam, ou mesmo retiram, a maior parte das medicações, inutilizando o tratamento; filtragem biológica - depende da medicação (veja mais abaixo); plantas vivas - não teriam condições de sobreviver seja pelas medicações, ou pela falta de luz, nutrientes etc., e morrendo, comprometeriam a qualidade da água e a saúde dos peixes; troncos, rochas, e qualquer coisa que altere parâmetros químicos da água, pois certos valores de pH, sais dissolvidos (GH/KH) etc podem afetar negativamente ou mesmo inviabilizar o tratamento por inativar a medicação empregada (algumas vezes chegam ao ponto de formar substâncias tóxicas aos peixes).

Costuma-se recomendar que o aquário hospital seja um aquário pequeno a médio em volume, para facilitar a manipulação e manutenção do mesmo, bem como restringir custos com medicações. Volumes ideais são entre 20 e 50 litros, embora quem possua peixes grandes acabe necessitando de aquários consideravelmente maiores - criadores de oscar ou carpa adultos (por exemplo) necessitariam de aquários de 100 ou mais litros.
Quanto à filtragem biológica, em alguns casos pode ser interessante usá-la, mas eu não aconselho. Isso porque há necessidade de ter conhecimento prévio de quais drogas afetam ou não a colônia de bactérias nitrificantes, já que algumas dessas drogas (muitas absolutamente comuns) aniquilam rapidamente as bactérias nitrificantes desse filtro, gerando então efeito deletério -- decomposição dessas bactérias, prejudicando a qualidade da água e consequentemente piorando as condições de peixes já efermos.
Também demandaria trabalho e gastos extras, de manter esse filtro permanentemente em funcionamento, para manter-se biologicamente ativo. Isso seria possível mantendo-o ligado em aquários estabilizados ou mantendo o aquário hospital em funcionamento com alguns peixes sadios, que seriam removidos quando de tratamentos.
Portanto, parto do princípio que é mais trabalhoso, porém mais seguro começar já sem filtragem biológica alguma. Em todo caso, a filtragem biológica ideal seria com filtro-espuma, mas pode-se empregar qualquer outro tipo de filtro para esse fim, exceto FBF.
Minha recomendação é usar apenas aeração, sendo suprimida a filtragem biológica e química. Essas seriam compensadas pela realização de trocas de água diárias para controlar os acúmulos de substâncias orgânicas deletérias (amônia, etc). Essas trocas seriam, em nível ideal, de 100% diariamente.

Essa prática tem muitas vantagens:

remoção de toda substância deletéria acumulada ao longo do dia; redosagem obrigatória da medicação, o que no caso de drogas que decaem na água, as mantém por mais tempo em níveis ótimos de ação, aumentando as chances de cura; melhor controle de patógenos, pois possibilita remoção mecânica de grande parte dos mesmos com as trocas de água / limpeza do aquário, portanto, igualmente aumentando as chances de cura; a água limpa possibilita ao peixe concentrar suas energias no combate à doença, já que não está submetido ao estresse fisiológico que águas poluídas lhe imputam (novamente, potencialização da cura); a exigência dessas trocas de água possibilitam em alguns casos a aplicação de medicação tópica, já que o peixe será obrigatoriamente capturado com rede.

As desvantagens seriam:

demanda ter tempo e paciência para fazer essas trocas diárias; também demanda ter água apropriada a essa troca, equalizada em parâmetros físico-químicos com a que sai, ao menos em temperatura; estressa emocionalmente o peixe (embora dependa muito de espécie a espécie, e indivíduo a indivíduo e ainda do modo como é feita a remoção dele do aquário); aumenta os gastos com medicação e água - e condicionadores de água (anticloro), se for o caso.
Isso tudo acima vale para as trocas de 100% de água. Muitas pessoas acabam fazendo trocas menores e/ou em espaços de tempo mais amplos (a cada dois dias etc.).

Tubarões em aquários

Os tubarões e as raias despertam a curiosidade das pessoas há muito tempo, seja pela imagem que era passada dos tubarões, um enorme peixe devorador de carne ou pelas raias, com o corpo achatado e sensação de parecerem "voar" pela água. Por esses e outros motivos, eles normalmente são destaque nos aquários públicos de todo o mundo e grande ambição para aquaristas dispostos a montar a estrutura necessária para mantê-los em suas casas.
Tubarões São conhecidas um pouco mais de 400 espécies de tubarões, que estão distribuídas em todos os oceanos do mundo. Junto com as raias e quimeras, pertencem à classe dos Chondrichthyes (peixes cartilaginosos). Quanto ao habitat, quase todos são marinhos, as exceções são algumas espécies de raias que habitam a bacia amazônica e o tubarão cabeça-chata (Carcharhinus leucas), espécie marinha que tem o costume de entrar em rios, já tendo sido observado a centenas de quilômetros adentro do rio Amazonas e acontecendo a mesma coisa em outros rios da Ásia e África. Surgidos há cerca de 400 milhões de anos, estes animais estão muito bem adaptados ao modo em que vivem, localizando-se no topo da cadeia alimentar, o que os deixa numa posição de destaque entre os animais marinhos.

Quanto à reprodução, os tubarões possuem sexos separados, onde os clásperes abrem a cloaca da fêmea e depositam o esperma dentro desta. Uma curiosidade é que as fêmeas de algumas espécies podem expelir sêmen que não foi utilizado ou guardar este sêmen para ser fecundado futuramente. Existem espécies ovíparas onde a fêmea deposita os ovos no substrato e espécies vivíparas, onde os embriões se desenvolvem no "útero" da fêmea. Entre os vivíparos existem diferentes estratégias de desenvolvimento da cria, de nutrição por vitelo até o canibalismo intra-uterino (ovofagia) onde os embriões devoram ovos fertilizados liberados pela mãe e outros filhotes menores. Nenhuma espécie possui estágio larval, nascendo indivíduos que são cópias idênticas dos pais e prontos para a caça, o que aumenta muito a taxa de sobrevivência.

Ligado ao sucesso adaptativo destes animais existe um desenvolvido sistema sensorial. Sua visão, ao contrário do que era pensado, tem uma boa capacidade inclusive à noite, pois possuem estruturas refletoras de luz localizadas atrás da retina. O olfato, muito bem desenvolvido, capta estímulos químicos na água. Estudos mostram que chegam a captar uma molécula de sangue em um milhão de moléculas de água. As ampolas de Lorenzini detectam estímulos elétricos na água através de pequenos poros situados na região ventral da cabeça. Internamente, a cada poro existe um tubo com uma substância gelatinosa que liga a uma câmara eletro-receptora. Com isso, os tubarões conseguem sentir as mínimas cargas elétricas produzidas pelos animais, mesmo se entocados em fendas ou enterrados no sedimento. A linha lateral é formada por poros que recebem vibrações da água, como se fosse um tato à distância. O sistema respiratório tambem é diferenciado. Possuem de 5 a 7 fendas branquiais (as espécies mais recentes apresentam 5 fendas) que ficam localizadas à frente das nadadeiras peitorais. Como não conseguem bombear a água para as brânquias como os peixes ósseos, a grande maioria das espécies precisa se manter em movimento para forçar a passagem de água pela boca e fendas branquiais. No sistema excretor possuem rins mesonéfricos, tendo a uréia como produto final do metabolismo. A pele é coberta por dentículos dérmicos, que se assemelham muito a pequenos dentes voltados para trás, o que torna a pele bastante resistente e hidrodinâmica.

O Aquário O aquário para abrigar tubarões e raias necessita de algumas características que são exclusivas para estes animais. Os tubarões precisam de espaço suficiente para que possam se movimentar com bastante folga. Por causa disso, o tamanho do tanque se torna o primeiro e um dos maiores desafios para manter espécies de raias e tubarões em aquários. O comportamento e as necessidades variam muito de espécie para espécie. Com isso, certamente vários dos temas terão necessidades especificas diferentes para cada espécie. Um exemplo bem comum para se encontrar respostas seria a necessidade do tamanho de um tanque para um Tubarão Galha Preta (Charcharhinus limbatus) e um Tubarão Lixa (Ginglymostoma cirratum). Duas espécies que atingem normalmente tamanhos próximos ou superiores a três metros quando adultos, mas possuem comportamentos natatórios e outras necessidades bastante diferentes. A primeira espécie precisa de um espaço físico muito maior em relação à segunda para o seu desenvolvimento e bem estar, por ter um hábito natatório ininterrupto em toda a linha da água e ter um metabolismo mais acelerado. A segunda espécie, apesar de ser também grande, tem o costume de ficar parada no fundo e em tocas por maiores períodos, se movimentando menos, e por isso não tendo as mesmas exigências quanto a espaço. No espaço inclui-se também a altura do aquário, que deve ser superior ao comprimento do animal, principalmente para aqueles que estão sempre nadando.

Rochas podem se tornar um obstáculo perigoso, machucando e até matando espécies de tubarões que habitam a coluna da água, como no caso do Tubarão Leopardo (Triakis semifasciata), Galha Preta (Charcharhinus limbatus) e Raia Leopardo (Aetobatus narinari). Essas espécies passam o dia todo nadando e como característica dos peixes cartilaginosos só conseguem nadar para frente (com algumas exceções), correndo um grande risco de ralar a cabeça nas rochas e até ficarem presos em buracos nas rochas e morrerem. Por esses motivos, pode ser necessário à colocação das rochas e toda filtragem biológica fora do display onde estão os animais.
O substrato não pode ser muito fino, pois é normal que os animais mais "estabanados", principalmente na hora da alimentação, acabem revirando o fundo do aquário, podendo causar a suspensão do substrato. Para esse fim, a halimeda se torna ideal.
Parâmetros da água
A quantidade de oxigênio dissolvido (OD) na água deve ser grande. Com isso o potencial de oxido-redução (ORP) também. O OD perto da saturação (9,2 mg/l a 20°C) e o ORP entre 350 e 420 mV. Com isso, consegue-se uma boa oxidação e nitrificação no aquário, diminuindo a possibilidade de se encontrar nitrogênio em forma de amônia (NH3) e nitrito (NO2) que são altamente tóxicos a peixes.

Um outro parâmetro que chama a atenção em um tanque para tubarões é o Nitrato (NO3). Foi descrito pelo biólogo Manoel Matheus Gonzalez (fundador do Núcleo de pesquisas e estudos de condricties -NUPEC) a ocorrência de calosidades na região ventral do tubarão Leopardo (Triakis semifasciata) devido à presença de nitrato (NO3) na água do tanque. No ano de 2003, em uma conversa, o veterinário Ricardo Yuji Sado relatou a formação de calosidades também na região ventral em espécimes de tubarões lixa (Ginglymostoma cirratum) em um aquário público aqui da região. No mesmo tanque habitavam raias e outras espécies de tubarões que não desenvolveram as calosidades. Ricardo não soube informar se havia a presença de nitrato na água e quais seriam os índices. Com isso não é possível saber ao certo se essas calosidades ocorrem em todas as espécies de tubarões, mas é uma coisa que não deverá demorar a ser descoberta. Para conseguirmos manter uma boa qualidade de água é indispensável o uso de eficientes skimmers, já que este aparelho consegue ajudar a saturar o O2, aumenta o ORP, retira grande quantidade de matéria orgânica que passaria para compostos nitrogenados e é item necessário para o uso de ozonizadores.

Circulação

A movimentação da água deve ser constante e bem distribuída pelo tanque, sem jatos fortes concentrados (comum nos aquários de corais). Deve-se evitar ao máximo o acúmulo e formação de bolhas e micro bolhas na linha da água. Estas bolhas, se engolidas pelos animais, causam embolia gasosa pelo acúmulo de ar no estômago e em outros órgãos internos. Deve-se evitar o uso de bombas internas e outros equipamentos elétricos dentro do aquário. A presença de pequenas correntes elétricas na água pode ser sentida pelos tubarões, desorientando-os, causando estresse e outros problemas.

Temperatura

O metabolismo destes animais está diretamente ligado à temperatura da água. As espécies necessitam que a temperatura da água seja similar à de seus locais de origem. Então, espécies recifais seriam em torno de 24 a 26°C e espécies de águas um pouco mais frias como o Tubarão Leopardo com temperatura de 20 a 22°C. A maioria das espécies que se encontram à venda estão nessas duas escalas de temperatura

Iluminação

Os tubarões e raias não têm exigências anormais quanto à iluminação, mas existem espécies de hábitos bentônicos e ou noturnos como no caso do Banded Shark (Chiloscyllium punctatum), onde se torna mais vantajoso usar uma iluminação pouco intensa.

Alimentação

A alimentação é à base de frutos do mar, filés de peixe, camarões e lulas. Sempre oferecidas diretamente a cada animal, conseguindo assim, alimentar todos os tubarões igualmente. Como a dieta desses animais é muito rica em proteínas, a presença de nitrogênio na água é mais preocupante do que nos aquários para outros peixes, sendo esse mais um motivo para a alimentação direta de cada animal.

Conclusão

Tubarões têm necessidades especiais quanto aos parâmetros fisico-químicos e biológicos do aquário ou tanque. Precisando de muito espaço para o seu pleno desenvolvimento em cativeiro. Havendo indisponibilidade de montar uma estrutura necessária para o animal, o melhor é não faze-lo.

Os cavalos-marinhos e a aquariofilia

Os cavalos-marinhos precisam ser respeitados pelo meio aquarístico sériamente, para que no futuro não tenhamos culpa de termos contribuído num processo de extinção. Espero que esse artigo venha a abrir os olhos de comerciantes e hobistas. Esses animais são extremamente indefesos, e realmente não merecem o que estamos fazendo com eles.

Aquariofilia é um hobby muito contraditório no que diz respeito à conservação ecológica. Devo admitir que às vezes sinto-me confuso, e de certa forma culpado, por estar envolvido num hobby tão lindo, mas que alguns não dão o mínimo valor, a não ser o monetário. Esse sentimento é algo que acredito estar presente em todos nós aquaristas, principalmente quando vamos à algumas lojas e vemos peixes doentes e mal tratados. Infelizmente ainda é a realidade de parte do mercado. Existem as lojas boas, mas são poucos os donos que realmente se preoculpam em passar informações úteis ou mesmo vender de acordo com o que o consumidor possa manter. A falta de informações também é grande, assim como as informações passadas nas lojas geralmente são muito básicas, quando não, erradas. A única maneira de nos ajudarmos é tentando de todas as formas chamar a atenção dos comerciantes para que medidas possam ser tomadas à respeito de certas atitudes ou situações. Isso sempre existiu e provavelmente existirá, se nós aquaristas não tomarmos iniciativas. Seria muito bom se todos que vissem espécies muito sensíveis, ou qualquer outro tipo de engano cometido pelos lojistas, reclamasse de maneira amigável, mostrando que o fato foi notado e que realmente estamos preoculpados com certos episódios normalmente encontrados nas baterias das lojas.

O motivo de meu esforço em trabalhar escrevendo artigos vai além de colaborar para a literatura da aquariofilia marinha. Meus ideais são voltados principalmente à informações que possam proporcionar um maior conforto aos organismos que mantemos em nossos aquários, conseqüentemente evitando perda desses seres de maneira cruel ou irrensponsável. Diante de minhas metas, certamente sinto-me condicionado à publicar uma colaboração à campanha de preservação dos cavalos-marinhos que outros vêm fazendo, pois tenho notado que o interesse para com esses peixes envolve grande número de hobistas, que na realidade pouco conhecem sobre esses magníficos seres.

O motivo da facinação de aquaristas pelos cavalos-marinhos é bem evidente. Certamente é um dos mais exóticos peixes, e que podemos encontrar distribuídos pelo mundo inteiro. Particularmente também acho que são um dos mais facinantes e especiais peixes existentes, com suas qualidades e formatos únicos. Mas por que não conseguimos sucesso com eles em cativeiro? Bem, se todos fizessem essa pergunta, ao invés de simplesmente fazerem tentativas consecutivas em mantê-los a qualquer custo, mas sem um preparo especial e muita pesquisa, talvez tivéssemos mais sucesso na criação e até reprodução/ crescimento desses animais em nossos aquários. Até mesmo profissionais muito experientes ainda não conseguiram definir quais são as condições mais adequadas para oferecermos aos cavalos marinhos, simplesmente porque as dificuldades não estão somente relacionadas aos projetos dos sistemas em si, mas sim à outros motivos que de certa forma tornam impraticáveis e até misterioso mantermos cavalos-marinhos em tanques por tempo considerável. Podemos porém unir uma série de técnicas para que possamos tentar oferecer melhores condições à eles.

Existem cerca de 30 espécies de cavalos-marinhos distribuídas pelo mundo. Normalmente encontram-se em águas rasas de regiões temperadas, o que facilita a coleta e uma super-exploração na pesca do animal. Apesar de uma camuflagem natural perfeita, correm risco de extinção devíduo a pesca em grande escala. O mercado asiático é provavelmente o maior responsável pela pesca indiscriminada, que vem crescendo cada vez mais. Eles são utilizados para preparação de produtos medicinais, principalmente pelos chineses, mas também pelos indonésios, filipinos e outros grupos raciais e étnicos. Pelo menos 20 milhões de cavalos-marinhos secos são comercializados por ano no mercado chinês. Centenas de milhares são comercializados (vivos) para o mercado de aquariofilia e o mesmo número (mortos) para o comércio de souvenirs. O total de países envolvidos com o mercado de cavalos-marinhos chega a ser absurdo (39 países). Esses números são inadimissíveis! Imagine, porque o número desses peixes no mercado da aquariofilia vem crescendo cada vez mais? Simplesmente o mercado é alimentado pela rápida perda de exemplares, conseqüentemente abre-se espaço para novas importações. Além disso o preço por exemplar é mínimo, sendo assim mais um motivo para que haja uma rápida compra, evitando que o animal fique por muito tempo nas lojas, o que certamente seria prejuízo aos comerciantes. Se conseguíssemos manter cavalos-marinhos por mais tempo em cativeiro, como conseguimos muitos dos outros peixes normalmente encontrados no hobby, talvez esse número seria bem menor, pois a demanda não seria maior que a oferta (na maioria das vezes a demanda aparenta ser menor que a oferta, o que não significa que uma visão geral do mercado mundial esteja diretamente ligada a esse fato, mostrando que o número de indivíduos é limitado na natureza quando comparados com espécies de outros peixes, por exemplo, provavelmente pela restrita área em que encontramos esses animais e pela facilidade de coleta). Ainda que esse número seja provavelmente menor que de muitas outras espécies de organismos encontrados no mercado atual (que principalmente são comercializados na América do Norte e Europa), o que é importante ressaltar é que o sucesso na manutenção desses animais em cativeiro é extremamente mínimo (praticamente 100% dos indivíduos comercializados no mercado da aquariofilia não sobrevivem). Poucos são os aquaristas que realmente têm condições, estudo e devoção para mantê-los por um tempo rasoável em aquários caseiros.

Acredito que ainda necessitamos de muitas informações para que possamos tentar novos projetos de sistemas, que logicamente teriam que ser provavelmente exclusivos aos cavalos-marinhos. Esse é um dos erros mais comuns. Cavalos-marinhos não devem ser mantidos com outros tipos de peixes, principalmente os de comportamento muito ativo. Isso causa estresse e impraticidade de uma adequada forma de alimentação ao animal, uma vez que ele precisa de uma constante oferta de comida viva, nutricionalmente enriquecida, para que possa exercer suas funções biológicas de maneira satisfatória. O estômago é ausente nos cavalos-marinhos, assim como os dentes também. Seu aparelho digestivo é composto somente de um tubo presente no abdômen, o que é responsável pela necessidade de ingerir uma grande quantidade alimentos. Quase que freqüentemente esses alimentos são eliminados semi-digeridos do aparelho degestivo. Algumas espécies de filhotes de cavalos-marinhos chegam a ingerir uma quantidade de até 3.000 micro-alimentos por dia. Um exemplar com 2 semanas de vida chega a consumir 3.600 naupliis (filhotes de artêmia) por dia. Adultos já foram reportados de comerem até 30 à 50 mini-camarões (mysis) ou 350 artêmias adultas/ dia. Dessa forma são importantes no controle populacional de micro-organismos na natureza de forma bem efetiva e bem significativa no meio em que habitam. A dificuldade de provermos uma estabilidade e qualidade nutricional à esses animais é o principal motivo da incapacidade de mantê-los por longos períodos em condições sadias e perfeitamente equilibrada.

O tratamento adequado aos cavalos-marinhos então, seria um sistema que possibilitasse um fornecimento de alimentação constante e com todos os requerimentos necessários para que as funções biológicas do animal sejam mantidas em excelentes condições por longos períodos de tempo. Quais seríam esses requerimentos? O sistema precisa basicamente reproduzir fisicamente o habitat natural do animal, ou seja, a presença de vários objetos para que o animal possa se segurar é indispensável. Plantas de plástico (de preferência sem muitas folhas) ou mesmo naturais, vendidas nas lojas de peixes podem ser utilizadas com esse propósito. Um aprofundamento em estudos no cultivo de macro-algas e plantas marinhas é sem dúvida um ótimo investimento feito pelo aquarista. Macro-algas possibilitam um habitat bem natural e benéfico à esses animais, principalmente por possibilitar um abrigo à micro-organismos, dos quais os cavalos-marinhos se alimentam. O cultivo de Caulerpa spp. está entre os mais recomendáveis para esse propósito, pela facilidade de cultivo e reprodução acelerada, quando oferecidas condições ideais (iluminação apropriada, temperatura ideal, etc.). Pouca iluminação possibilita um maior conforto e evita estresse aos cavalos-marinhos, assim como uma temperatura amena. Uma corrente suave ajuda tanto na fixação, como na movimentação do animal, uma vez que apresenta nadadeiras de porte pequeno e conseqüentemente pouca habilidade para se mover. A presença de um substrato de areia viva e rochas vivas facilitarão a reprodução de micro-organismos para que possam servir de complementação alimentar, assim como um refúgio (tanque conectado, mas que não possibilita acesso dos peixes , com uma configuração benéfica ao crescimento de micro-organismos), que serve para suprir um fornecimento constante de alimento vivo ao tanque principal. Um número máximo de animais por área precisa ser estudado e estipulado para que não haja um desconforto com uma superpopulação, e se condições de acasalamento forem satisfatórias, é aconselhável que mantenha-se somente o casal já formado no tanque, pois são fiéis aos parceiros de acasalamento, mantendo o relacionamento e acasalando por muitas vezes consecutivas.

O trabalho de alimentar e produzir o alimento que será oferecido aos cavalos-marinhos em cativeiro é algo que certamente precisa ser levado seriamente em consideração no planejamento do sistema. Esse é o maior dos obstáculos que enfrentamos e de maior responsabilidade também. Aquários complementares deverão estar disponíveis para as crias, assim como para a produção de alimentos com correspondentes fontes nutricionais. De nada adianta alimentarmos artêmia viva, se essa artêmia está por muito tempo sem ter sido alimentada com os nutrientes (algas, vitaminas e suplementos minerais) que beneficiarão conseqüentemente os peixes. Algas têm um papel importente da dieta dos cavalos-marinhos. Artêmia sozinha irá simplesmente levá-los à morte por fome, por incrível que pareça. Entre outras formas excelentes de alimentar os cavalos–marinhos estão uma série de micro-crustáceos encontrados no mar, e que podem ser coletados com uma rede de malha bem fina. A coleta precisa ser muito bem feita com observação das qualidades da água do lugar escolhido. Dentre eles: camarões (mysis), fito-plâncton, copepodes e rotíferos. Alimentos vivos introduzidos no aquário devem ser sempre banhados em água doce por uns 10 minutos antes de serem oferecidos. Esse processo serve para previnir com que organismos patogênicos entrem no sistema e causem possíveis danos aos peixes. Alimentos mortos e ignorados pelos peixes precisam ser retirados do sistema pelo menos 1 vez ao dia para que a qualidade da água não fique prejudicada. Higiene é muito importante também, assim como a qualidade da água.

A eclosão de cistos de Artemia salina também é freqüentemente discutida entre os aquaristas interessados em cavalos-marinhos. Os naupliis (filhotes de artêmia) possuem um ótimo valor nutritivo, quando oferecido nas primeiras 24 horas após o nascimento (ou se enriquecidos depois desse período). Mas infelizmente o engano no oferecimento exclusivo de naupliis ou mesmo de artêmia adulta vem sendo feito em grande escala, por ser o meio mais conveniente (ou mesmo único) que alguns aquaristas têm disponível, ou sabem. Outro engano é permitir que as cascas dos cistos sejam ingeridos pelos peixes, o que pode levá-los à morte, por não serem digeríveis (no caso de não passar nas partes mais estreitas do tudo digestivo).

Outros alimentos vivos são enganosamente oferecidos aos cavalos-marinhos freqüentemente pelos aquaristas. Dentre eles estão alguns organismos de água doce como: camarões, vermes e filhotes de guppys (Poecilia reticulata) e mollys (molinésias) pretas (Poecillia sphenops). As propriedades de organismos de água doce são diferentes das dos de água salgada. Isso terá uma influência negativa em termos à longo prazo e certamente não contribuirá de forma correta para a construção e mantimento próprio das funções dos peixes de água salgada. Apesar de grandes autores aconselharem e publicarem relativamente um sucesso prático com esse tipo de alimento, particularmente não pratico nem aconselho.

Outro importantíssimo problema apresentado na manutenção de cavalos-marinhos em cativeiro é o surgimentos de doenças, principalmente fungos e bactérias. Pouca informação é difundida com relação à esses inconvenientes e certamente é algo que poderá dar bastante trabalho ao aquarista. Algumas das doenças não têm cura e certamente é algo bastante frustrante também.
Em relação aos fungos, o problema pode ocorrer de maneira rápida, na maioria das vezes levando o animal à morte, ou lentamente, podendo ser curado com a separação do animal em um aquário hospital e oferecendo tratamento adequado (agente anti-fungal). Os dois tipos diferentes de infestações provavelmente estão relacionados à diferentes espécies de organismos patogênicos.


Supõe-se que bactérias causam o que chamamos de doença de bolhas. Essas, acontecem de duas maneiras: sob a “pele” do animal ou internamente (principalmente em machos, na bolsa). Tratamentos usando cuidadosamente uma agulha de seringa esterelizada é normalmente aconselhável para retirar o gás (operação muito delicada), mas muitas das vezes a perda do exemplar é inevitável, pois a bolha volta com o tempo. Sob nenhuma hipótese o animal deve ser retirado da água para tal procedência. Tratamento anti-bacterial pode ser adicionado à água, para evitar uma re-infestação, mas geralmente é pouco eficiente por esse tipo de doença estar internamente localizada. Cavalos-marinhos estão também sujeitos à doenças “tradicionais” encontradas em peixes ornamentais. O tratamento deve ser administrado normalmente, como se fosse para outro peixe, porém as dosagens dos remédios não podem ser elevadas. De um modo geral não suportam os tratamentos quando não é oferecida uma alimentação nutritiva, ou quando a doença já está bastante adiantada, logo infelizmente acabando por morrer. É difícil salvar algum exemplar sem ocorrer uma re-infestação mais tarde. O ambiente deve ser bastante limpo e ricos alimentos oferecidos em abundância. Tanques separados para o tratamento de cada indivíduo provavelmente funciona positivamente na tentativa de cura nesses casos. Sofrimento em casos de cura impossível devem ser evitados pelo aquaristas, condenando o animal. Isso pode ser feito colocando o animal no freezer.

Necessita-se não só de tempo, espaço e dinheiro para um investimento, mas principalmente de estarmos dispostos à trabalhar constantemente para que não falte nada à esses animais. Isso é loucura? Praticamente falando, sim. Pouquíssimos hobistas poderiam levar esse tipo de vida por muito tempo. Mesmo assim, existem profissionais no mundo inteiro que trabalham dia-após-dia fazendo até mais do que citei e infelizmente não conseguem sucesso absoluto com a criação de cavalos-marinhos em cativeiro em termos de longo prazo. O que acontece é que ainda precisamos descobrir muito sobre as necessidades nutricionais de cada espécie em particular. Talvez mesmo assim não teríamos acesso à essa dieta por praticamente não estar disponível no mercado, pois muitos micro-organismos ainda são impossíveis de serem reproduzidos artificialmente (difícil manuseio, alimentação e reprodução) ou de serem coletados e trasnportados de maneira condicional e favorável ao mercado.

Estudos à respeito do animal estão sendo feitos ultimamente com maior atenção e aproximação do seu habitat natural, provavelmente porque ocorre um sério risco de extinção de algumas espécies. Cientistas ainda necessitarão de algum tempo de pesquisas para que possamos ter dados mais precisos e detalhados com relação à comportamentos e relações sociais entre esses animais. Além disso, o mais importante e difícil trabalho à ser concluido é o de identificação de certas espécies, que torna-se difícil principalmente pela grande variação de cores assim como a habilidades de troca de cores. Preservação no momento é importantíssimo, e como amantes do meio aquático, temos que contribuir com a preservação de todas as espécies de cavalos-marinhos, fazendo campanha contra a venda desses animais para o mercado comum da aquariofilia é certamente o melhor caminho à seguir. Por incrível que pareça a maioria das pessoas que compram um cavalo-marinho sabem que não poderão mantê-lo por muito tempo, o que ao meu ver é de certa forma cruel.

Aquaristas sérios e mais experimentados porém, com habilidade e muita dedicação, e que já encontram um relativo sucesso com esses animais no passado e presente, deveríam ser encorajados à inovar configurações de sistemas e aprimoramentos de planos alimentares. Experiências científicas de conservação aquarística seria outro caminho à seguirmos. Investimento é necessário e infelizmente difícil em alguns casos. É importante levarmos tudo isso em consideração para que no futuro as possibilidades em mantê-los em cativeiro sejam bem maiores e para que possamos ainda ter esses magníficos seres presentes na natureza para as nossas próximas gerações. No presente momento, é claramente evidente que o melhor lugar da maioria dos cavalos-marinhos seria na natureza.

Iluminando Sistemas Marinhos

Grande parte dos corais fazem simbiose com algas chamadas zooxanthellaes. Essas algas unicelulares se localizam por todo o tecido do coral, e convertem a luz em energia para os corais. Tanto corais como algas obtém vantagens nestas associações, o coral com os carboidratos produzidos a partir do metabolismo das algas, e as algas com os dejetos orgânicos liberados pelos corais. Por isso corais são considerados de certa forma seres autótrofos. Este assunto é hoje em dia muito discutido e estudado, pois está diretamente ligado às condições dos recifes de corais de todo o mundo. Por causa da fotossíntese realizada pelas algas zooxanthellaes vêm a preocupação e a necessidade de uma iluminação adequada em um aquário de corais.

Propriedades da luz

Intensidade: A intensidade luminosa é medida na relação lux e lúmens, quanto maiores esses dois parâmetros, maior a intensidade da luz emitida pela fonte luminosa. A intensidade das lâmpadas é apresentada em lúmens/Watts. Por existirem vários tipos de lâmpadas e cada uma com uma intensidade luminosa diferente, se torna errada a medida de tantos Watts por litro, que é muito comum de se ouvir por aí. Exemplificando, uma lâmpada incandescente comum de 150 W tem uma intensidade muito mais baixa do que uma HQI da mesma potência. No aquário de corais é sempre preferível lâmpadas com intensidades mais altas. Para se ter uma idéia, em um dia de sol, um recife recebe na superfície da água de 60.000 a 100.000 lúmens por metro quadrado e quase metade disso a um metro de coluna de água. Isso evidencia o problema da absorção da luz pela água e da necessidade de lâmpadas eficientes, tentando se aproximar dos parâmetros normais de um recife de corais.

Espectro luminoso: A temperatura de cor é medida em Kelvins, quanto mais alta a temperatura de cor mais clara ela será: 6500 K branco puro, 10.000 K branco azulado, 20.000 K azul claro e assim por diante. Se encontram no mercado lâmpadas de 2.700 K a 50.000 K. É dito que lâmpadas com maior temperatura de cor têm menor tempo de vida útil, perdendo intensidade e cor mais rapidamente, mas uma lâmpada de 10.0000 K pode ser usada por mais tempo para outros fins, já que ainda estará com tons bastante claros após alguns meses de uso e lâmpadas de 6500 K, talvez nem tanto.

Os tipos de iluminação

As HQI's(Halogen Quartz Iodide, Halógena de Quartzo e Iodo):São importadas normalmente para o Brasil modelos bipolares (um pólo em cada extremidade da lâmpada) e nas potências de 70, 150, 250, 400 e 1000 W (sendo os dois últimos modelos mais indicados para uso em tanques e aquários com altura superior ou próximo a um metro). O refletor para o uso no aquário deve ser de alumínio, assim tendo uma resistência maior a oxidação causada pela água salgada. O vidro do refletor é temperado, tendo como função filtrar os raios UV emitidos pela lâmpada que seriam letais para todos os organismos do aquário e para nós mesmos. Hoje em dia as HQI's são as mais indicadas, tem uma ótima potência, a mais alta intensidade luminosa e um tamanho bastante compacto, por isso conseguem atingir uma coluna de água maior, com alta intensidade luminosa em comparação a outros tipos de lâmpadas usadas em aquários. Criam um visual muito agradável na água fazendo aparecer as ondulações de luz no líquido (igual ao que acontece em piscinas), a desvantagem é que dissipam muito calor e acabam esquentando a água, sendo na maioria das vezes necessário o uso de algum modo de ventilação ou resfriamento da água.
Muito importante também é ter cuidado para não tocar no bulbo desta lâmpada, pois a gordura dos dedos manchariam o quartzo comprometendo os raios de luz da lâmpada. Deve-se ter cuidado na hora de manusear o aquário com essas lâmpadas ligadas, pois se algum respingo de água encostar no vidro (temperado) de proteção do refletor, ele estourará. Evite olhar diretamente para esta lâmpada e se caso o vidro do refletor vier a quebrar, não ascenda até que o vidro seja substituído. A tampa do aquário para esta iluminação deve ter uma altura de 25 cm e ser aberta em algum ponto para que o ar possa ventilar.

A Importância dos Aditivos

Seres vivos dependem de uma série de condições mínimas para que suas funções sejam equilibradas e distribuídas propriamente pelo corpo, afim de que os metabolismos possam ser exercidos de acordo com as necessidades de vida do organismo. No meio aquático, a dependência de vários fatores físicos, químicos e biológicos encontrados na água são de importância vital aos que nela habitam. Esses fatores são naturalmente mudados ou substituídos de forma constante e agindo de maneira altamente influente nos organismos, necessitando de alguns ajustes para que tais mudanças sejam assimiladas e corretamente direcionadas ao destino de suas funções. Durante o dia (horas de luz) no aquário, várias mudanças podem ocorrer simplesmente por razões naturais (influência de temperatura externa e variações de pH, por exemplo) e essa é mais uma das razões para nos dedicarmos à oferecer uma maior estabilidade, na medida do possível. Diante de vários pormenores, nós aquaristas devemos dar atenção aos fatos que já foram comprovados até agora à serem importantes e primordiais, sendo então indispensáveis à vida dos organismos em nossos sistemas fechados, como por exemplo a iluminação, filtragem e presença de certos elementos na água do aquário. Nesse artigo, irei apresentar alguns dos mais comuns aditivos (elementos) e procurarei dar algumas dicas práticas relacionadas ao assunto.

Não só nos sistemas de reef, mas também nos aquários somente de peixes, a presença de vários elementos encontrados na água salgada são altamente necessários e importantes nos nossos sistemas. Peixes precisam de uma certa estabilidade nos parâmetros físico-químicos da água para que suas funções de respiração (regulagem osmótica e iônica), adaptação à possíveis mudanças de pH (regulagem ácida/ básica) e estresse possam ser equilibrados e que doenças sejam evitadas, isso sem mencionar a alimentação diária e de boa qualidade. Íons de sódio, magnésio, cloro, cálcio e potássio (monovalentes ou não) fazem importante papel no metabolismo dos peixes. Sabendo disso, é verdade afirmar que uma ausência de certos elementos dissolvidos na água pode de certa forma afetar seriamente até as mais resistentes espécies.

A qualidade da água, assim como a filtragem e trocas parciais mensais são fatores excenciais para um mantimento sadio dos vertebrados e invertebrados dos nossos sistemas por um longo período de tempo. Alguns aquaristas conseguem manter aquários sem skimmer. Outros evitam fazer trocas de água. O sucesso que tais aquaristas conseguem, depende de uma série de condições, cujas são raramente encontradas ou almejadas pela maioria dos aquaristas que normalmente praticam o hobby, ou seja, raramente as situações apresentadas nesses tipos de aquários são semelhantes às que muitos de nós escolhemos como meta.

Filtragem é muito importante, e quando manuseada de maneira adequada irá prevenir um acúmulo substancial de amônia, nitrito, nitrato e substâncias tóxicas produzidas, dissolvidas no sistema. Filtragem química (ex.: carvão ativado, skimmer), física (ex: trocas de água), processos biológicos e até mesmo precipitação, ajudarão à retirar impurezas. As trocas de água parciais, quando de boa qualidade (sal sintético/ água natural), irão repor muitos elementos extraídos pelos animais e algas desejáveis (calcáreas). A mistura do sal artificial implica sériamente no equilíbrio da composição da mistura e deve ser produzida e aplicada com atenção, permitindo que este seja devidamente dissolvido na água. A ajuda de uma bomba (powerhead) colocada dentro do recipiente onde a mistura é feita, por algumas horas antes de ser introduzido ao sistema é algo bem pensado. Trocas de água devem ser administradas em pouca quantidade à cada vez, para evitar que choques ocorram nos habitantes do sistema (a não ser em casos de emergências). Esses choques são principalmente relacionados com o equilíbrio da bio-química da água, uma vez que a estabilidade precisa de um tempo para ser estabelecida e assimilada por todos os organismos presentes. Também é importante que essa seja efetuada bem devagar, de preferência durante horas (em aquários com caixa de circulação), ou em bem poucas quantidades (divididas entre 15 em 15 dias, por exemplo), para que o sistema possa aceitar bem as mudanças na química da água. Água livre de impurezas é como uma lei, assim como qualquer excesso de metais pesados e nutrientes. Filtros de osmose reversa e desionização são as melhores opções de remoção desses. Carvão ativado pode ser utilizado como um pré-filtro, possibilitando assim uma retirada de parte das impurezas através de adsorção molecular.

Outras formas de colocar aditivos na água do aquário são as aplicações de produtos contendo vários compostos, vendidos para o uso aquarístico. Soluções compostas preparadas para aquários marinhos que apresentam muitos elementos da composição de água salgada natural são vendidos, voltados para uma reposição não-particular de nenhum elemento, assim agindo como um complemento geral para necessidades básicas à um longo prazo , ou melhor, são produtos feitos com intuito de reunir muitos dos mais importantes e necessários elementos, para dar um conforto ao aquarista, proporcionando menos dosagens do que se houvessem vários produtos diferentes. Muitos desses produtos podem ser perfeitamente usados em aquários de reef. Se alguma carência existir em particular para qualquer elemento, esse poderá ser dosado de acordo com as necessidades. Para isso o aquarista terá que pesquisar sobre aquele organismo em particular e entender quais são os aditivos necessários para o metabolismo do mesmo. Esses produtos podem servir como um grande auxílio na reposição de elementos por causa da ação do skimmer e do carvão ativado, principalmente, que retiram além das impurezas, boa parte desses elementos beneficiais aos organismos no dia-a-dia. Por serem fabricados de acordo com as necessidades biológicas de muitos dos organismos que mantemos, muitas das vezes apresentam melhores resultados do que elementos dosados separadamente, ou soluções fabricadas em casa. Trocas parciais constantes irão diminuir a necesidade de reposição desses elementos, trazendo melhor equilíbrio e conforto aos habitantes do tanque. O que o aquarista deveria procurar na composição de aditivos de elementos normalmente vendidos no mercado seria: elementos traços, amino ácidos, vitaminas, cálcio, boro, magnésio, molibdênio, lítio, ácido fático, além de diferentes complexos orgânicos. Um produto contendo a maioria dos citados anteriormente pode ser considerado de grande auxílio.

Principalmente em reef tanks, a perda de suplementos é não só constante, como também em maiores concentrações, em certos aspéctos. Vários elementos são absorvidos e utilizados tanto pelos peixes, quanto pelos corais (moles e duros), anêmonas, moluscos (Tridacna spp.) e algas calcáreas. Dentre os mais importantes desses elementos estão o cálcio e estrôncio, principalmente para a calcificação de corais e moluscos; iôdo, utilizado em sua maioria por algas e corais moles; dentre outros que mencionarei mais adiante nesse mesmo artigo. Alguns desses suplementos tendem a precipitar da água de acordo com reações ocorridas normalmente nos nossos sistemas convencionais, ou mesmo serem retirados rapidamente pelo skimmer, como mencionado anteriormente. Essa é uma das razões mais importantes para que eles sejam repostos regurlamente, prevenindo que sejam escassos por completo. Além disso, escassez de elementos poderão trazer estresse e até mesmo perda de alguns peixes e invertebrados por razões não óbvias, fisicamente.

Por outro lado, um excesso de qualquer aditivo pode provocar um desequilíbrio iônico na água, o que normalmente não acontece de forma rápida, mas sim altera gradativamente a estabilidade do sistemas, e muitas das vezes não é compreendido pelo aquarista. Essas mudanças normalmente alteram a reserva alcalina e o pH, principalmente, porque os aditivos mais enganosamente administrados são os de cálcio e os tamponadores (buffers). Muitas das vezes em que o aquarista superdosa kalkwasser e buffers, existe um desequilíbrio iônico devíduo à presença de outros elementos como o magnésio, e acontecem situações constrangedoras como por exemplo o empedramento de substratos do tipo aragonite ou halimeda.

Kalkwasser:A melhor maneira de adicionar cálcio é através de Kalkwasser, ou hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 ), pelos benefícios que esse traz ao sistema com o tempo. A aplicação consiste normalmente no uso de solução saturada da mistura de +/- 1 à 2 colheres de chá rasas do pó, para cada 4 litros de água pura (sem nutrientes ou metais pesados) num sistema amadurecido. A “melhor maneira” de se preparar Kalkwasser saturada é diferente da maneira correta, ao meu ver. A “melhor maneira”, para alguns seria colocando menos pó, para economizar, uma vez que irá precipitar de qualquer maneira, assentando todo no fundo. Se o pó está no fundo, é porque tem muito na mistura e está sendo precipitado em grande quantidade, sendo desperdiçado, logo, vamos diminuir a quantidade desse pó, correto? Errado! Não economize kalkwasser dessa maneira, pois além de não ser tão caro, se a mistura for feita com pouco pó, poderão, dependendo do tipo de sistema, haver alguns reflexos negativos no mantimento da reserva alcalina, na presença de íons de cálcio ou mesmo na precipitação de fosfatos num longo período de tempo. Esses reflexos não são vistos como de muita importância, pois muitas das vezes são facilmente administrados com o uso de tamponadores (aumentando ou diminuindo a dosagem, dependendo do problema), mas se não forem notados, darão trabalho para que os parâmetros cheguem ao normal novamente e estressarão os organismos desnecessariamente. Logo, a maneira correta seria adicionar uma percentagem do hidróxido de cálcio na mistura para que os organismos sejam beneficiados ao máximo, de maneira constante. Quanto mais pó (sem exageros!), maior o número de íons de Ca, maior o pH da solução precipitada, mais chances de precipitação de fosfato no aquário e maior ajuda à reserva alcalina, sempre pensando à um longo prazo, é claro. É verdade que depois do aquário estabilizado, com o processo de amadurecimento completo, o emprego de menores quantidades do pó poderá ser administrado, não para economizar, mas sim para prevenir um supercrescimento de certos organismos, por exemplo. Mesmo assim, acredito que a “poda” dos corais seria benéfica até para que o hobby cresça, possibilitando trocas de “peças” entre hobbistas. Um excesso (mais pó por volume de água da mistura, do que o recomendado) irá trazer problemas também, e além disso não será de grande vantagem, em termos das necessidades normais encontradas em sistemas tradicionais. Os melhores resultados são obtidos com a quantidade de 1 à 2 colheres rasas de chá de Ca(OH)2 por cada 4 litros de água. Muitos preferem economizar em Kalkwasser e usar mais os tamponadores. Raramente teremos que usar tamponadores se fizermos a mistura como mencionei anteriormente e não esquecermos de fazer as trocas parciais mensais. Além disso, a estabilidade e conforto dos organismos são melhor alcançados dessa maneira, pois Kalkwasser na dosagem correta, e administrada diariamente, prevenirá constantemente que o valor do pH e da reserva alcalina caiam. Embora isso seja fato, se por algum motivo a reserva alcalina precise algum reforço, deverá ser empregada a adição dos tamponadores, e nunca administrada com adição extra de kalkwasser para esse fim.
A mistura de kalkwasser deve ser agitada e deixada para repouso por umas 6 à 12 horas em temperatura ambiente, de preferência o menos quente o possível (ideal de 20° à 25° C). O líquido cristalino da solução é aproveitado e o pó precipitado, localizado no fundo do recipiente pode ser re-aproveitado ou, melhor ainda, descartado para que outra mistura possa ser feita. Quando o pó precipitado no fundo é re-aproveitado, existirá a presença de carbonato de cálcio misturado com o hidróxido de cálcio precipitado, resultantes da reação do dióxido de carbono do ar da atmosfera com a mistura, por causa da introdução de bolhas de ar no ato de misturar, logo sendo desaconselhável re-aproveitar o restante precipitado. Raramente o pó precipitado de Ca(OH)2 voltará à ser diluído com uma nova adição de água, mesmo adicionando mais pó, sendo mais um motivo para descartá-lo.
A aplicação do líquido cristalino no tanque deve ser feita bem devagar para que o pH da água do aquário não suba muito rápido, causando choque nos habitantes do sistema. Durante à noite certamente será o meio mais seguro e confortável aos habitantes do aquário porque o pH tende à cair nesse período, devíduo à ausência de fotossíntese que é feita pelas algas (zooxanthellae e outras) na presença da luz, durante o dia. O acúmulo de CO2 então aumenta e a formação de ácido carbônico (H2CO3), deixando a água levemente acidificada (abaixando o pH). Um instrumento dosador ou mesmo um gotejador daqueles utilizados para soro em hospitais pode servir perfeitamente para esse propósito. Aquários com um grande número de corais e/ ou pouca diferença de evaporação diária poderão necessitar de um reator de cálcio, para que a adição de íons de cálcio seja feita em concentração suficiente para que os organismos que precisam dos mesmos para o metabolismo, não sofram uma carência do elemento. O importante, quando dosando Kalkwasser, é observar o crescimento e saúde dos organismos. Tanto os que não, quanto os que utilizam cálcio da água. Assim, o aquarista poderá ter uma idéia de como deverá ser feita, ou melhor, que mudanças precisam ser feitas, se precisam, para a aplicação do método.
Reatores de cálcio:Existem atualmente dois tipos diferentes de reatores de cálcio mais usados: o que utiliza injeção de gás dióxido de carbono (CO2) e o de Kalkwasser. O de CO2 consiste em uma aplicação do gás de CO2 para diluir partículas sólidas de substratos calcificados como por exemplo: Halimeda, Aragonite, coral moído, dentre outros comercializados no mercado da aquariofilia. A aplicação do CO2 precisa ser muito bem monitorada, pois o excesso poderá altarer significantemente o pH do sistema, trazendo grandes problemas como estresse aos peixes e invertebrados, além de estimular supercrescimento de algas. Reatores de Kalkwasser são os que mantêm a solução da mistura de H2O e Ca(OH)2 em movimento para que a solução seja aplicada em seu efeito concentrado (mistura não saturada). Esse último também poderá ser utilizado com um controlador de pH que ativará o injeção do gás de CO2 automaticamente no sistema, se por ventura o pH atingir valores maiores que 8.4, por exemplo. Apesar de alguns utilizarem esse injetor que acabei de mencionar com o reator de kalkwasser, não aconselho, pois consegue-se um controle satisfatório mesmo sem necessidade dessa injeção. Quanto mais evitarmos injeção de CO2 no aquário marinho, melhor e mais seguro. O controle pode ser feito somente com o monitoramento do pH e manualmente, ou com o auxílio de um timer, para acionar o reator somente por algumas vezes ao dia, de acordo com o volume evaporado diariamente. Assim sendo, evita-se um pH exagerado.
Buffers:Carbonatos, bicarbonatos e boratos são muito importantes porque ajudam à manter a estabilidade do pH e são adicionados nas trocas de água ou através de tamponadores (buffers). O aquarista que respeita religiosamente as trocas parciais de água mensais do sistema e dosa kalkwasse corretamente, diariamente, pouco necessitará de adicionar tamponadores para ajudar no mantimento da reserva alcalina nos seus níveis aceitáveis. Testes de reserva alcalina podem ser expressados de duas maneiras diferentes. As medidas normalmente recomendadas para nossos sistemas são de 7 à 10 dKH (dureza de carbonatos) ou 2.5 à 3.5 meq/ L (miliequivalentes por litro). Dependendo do teste que se obtenha, terá um desses dois métodos de expressar a reserva alcalina. Adicionando diariamente Kalkwasser, para repor o volume de água evaporado diariamente para que uma estabilidade de adição dos íons de hidróxido e íons de cálcio possam atuar naturalmente na neutralização de ácidos presentes no sistema é sem dúvida o caminho à seguir. Dessa maneira, a reserva alcalina será naturalmente e gradativamente sendo “reforçada” todos os dias, além de evitar qualquer choque nos habitantes, uma estabilidade iônica será de grande importância e ajuda para todos os habitates do sistema. Assim como kalkwasser, tamponadores não devem ser administrados de maneira excessiva, afim de se evitar qualquer desequilíbrio iônico no sistema.

Outros:Assim como o cálcio, o estrôncio é importante na formação de esqueletos de muitos dos bivalves e corais, principalmente os que apresentam um crescimento notável, como por exemplo os corais Acropora spp. Outros elementos traços também possivelmente ajudam nessa constituição como o lítio e o bário. Dentre os mais importantes elementos traços, além do bário e lítio, estão: iôdo, ferro, molibdênio.
Iôdo, também mencionado anteriormente, além de ser importante na formação de tecidos de algas, precisa ser adicionado na água pois é retirado por corais também. Principalmente corais moles como Xenia spp. Esse elemento é encontrado na água salgada em grandes quantidades e logicamente tem sua importância no habitat marinho. No aquário, iôdo é retirado rapidamente pelo skimmer e precipitado por outros meios, daí precisando ser adicionado regularmente. Excessos porém, poderão causar uma superpopulação de micro-algas indesejáveis. Iôdo pode ser adicionado na forma de iodeto. Existem outros metodos de reposição de iôdo, mas iodeto é para muitos o mais seguro e que apresenta ótimos resultados à um longo prazo.
Ferro é outro elemento importante para os invertebrados fotossintetizantes por causa de sua influência nas algas (zooxanthellae) presentes nos tecidos dos mesmos. Um excesso poderá causar problemas com algas indesejáveis, assim como no caso do iôdo. Normalmente não são necessárias aplicações de ferro separadamente, pois muitos dos aditivos vendidos no mercado da aquariofilia já contêem esse elemento no produto, além de haver um ciclo de volta do elemento ao sistema através de detritos e processos micro-biológicos. Molibdênio provavelmente ajuda à prevenir na separação de tecidos de invertebrados como nos corais, mas nada foi provado cientificamente em relação à essa afirmação até o presente momento. Um excesso do elemento poderá causar desequilíbrio no sistema biológico, uma vez que molibdênio é utilizado por bactérias no metabolismo. Inclusive cianobactérias poderão aparecer em maiores quantidades no sistema, o que não seria algo prazeroso.

Enfim, para mantermos aquários de sistemas naturais com saúde, e oferecermos as necessidades básicas aos organismos que pretendemos povoá-lo, adição de aditivos na água e observação dos outros fatores físicos em conjunto serão os principais influentes. No futuro, certamente teremos mais descobertas e logicamente teremos mais informações de muitas das influências exercidas por esses elementos nos sistemas fechados. Uma observação diária nos habitantes do aquário é fundamental e deve ser a prioridade, ao invés de testes efetuados quase que freqüentemente.

O Sistema de Jaubert

Muitos aquaristas comentam sobre o Sistema de Jaubert e o mantimento de substrato de fundo “vivo”, muitos até têm, mas poucos são os que realmente compreendem tais combinações e o porquê delas existirem. Venho através deste artigo então, trazer algumas das principais relações básicas entre esses tópicos e melhor apresentar o tão falado Sistema de Jaubert de maneira bem simples.
Primeiro vou explicar melhor do que estamos falando, para que os que nunca conseguiram entender por completo o que é o Sistema de Jaubert possam melhor compreendê-lo. O Sistema de Jaubert é um método natural de filtragem muito simples de se montar, de baixo custo e eficiente, concebido pelo professor Jean Jaubert da Universidade de Nice, Monaco, durante os anos 80, que começou à ser divulgado em 1990. Esse sistema permite que haja uma desnitrificação significante, principalmente através do cultivo de bactérias, dentre a presença de outros diversos organismos, usando como meio ambiente o substrato de fundo. O projeto original, montado pelo Professor Jaubert, descreve um sistema com um espesso substrato de fundo, utilizando aragonita “semeada” com areia viva, presença de Plenum (que é o que marca a teoria original de montagem desse sistema), sem skimmer, com circulação feita por aeração (pedras difusoras) e bombas d’água, sem trocas de água (alguns dos aquários experimentais no Aquarium de Monaco com trocas de água mensais de 5%, e uns até mesmo como sistema semi-abertos). Foi reportado não só valores de nitrato próximos ao zero, como também os de fosfato. No meio da camada de substrato de fundo foi colocada uma tela para separar e prevenir que organismos que costumam removê-lo, como algumas espécies de peixes e camarões, não bulissem com a parte destinada a desnitrificação, prejudicando o bom andamento dos sistemas. Poucas rochas cobriam a superfície de área do substrato de fundo. Pouca quantidade de peixes eram presentes nesses sistemas, provavelmente devíduo à ausência de skimmer (evitar produção/ introdução excessiva de matérias orgânicas sem exportação contínua). Existem atualmente variações e técnicas aplicadas ao sistema original, as quais irei trazer mais tarde nesse mesmo artigo.

A- Camada inferior do substrato de fundo destinada exclusivamente à desnitrificação.
B- Camada superior do substrato de fundo, onde existe uma pequena parte da nitrificação/ desnitrificação do sistema.
C - Profundidade total do substrato de fundo.
D - Representação do suporte de tubos de PVC para o sustentador do substrato de fundo (construção do Plenum). Ignorado se usarmos placas de filtro biológico de fundo (FBF).
E - Suporte de sustentação do substrato para o Plenum (muitas vezes substituído por placas de FBF).
F - Tela de separação das camadas de substrato, prevenindo que a área inferior seja oportunada.
G - Tela de separação entre o substrato inferior (área de maior teor de desnitrificação) e o Plenum.
H - Área destinada ao Plenum (entre o vidro de fundo do aquário e o suporte de sustentação).

A construção do Sistema de Jaubert atualmente implica na colocação de qualquer material que possa prover um espaço entre o vidro do fundo do aquário e o substrato, gerando um espaço de água entre os dois chamado de Plenum. Esse espaço pode ser construído até mesmo com placas de filtro biológico, sem que as torres do filtro sejam usadas, logo evitando que a água do espaço de baixo do substrato (Plenum) não entre em contacto livre com a água acima do mesmo. Normalmente as placas de filtro biológico usadas são as completamente horizontais, ou seja, as que não apresentam nenhuma ondulação de formato. Outro material utilizado, principalmente nos Estados Unidos, é o que se chama de egg crate, que é uma espécie de difusor usado normalmente em luminárias de interiores. Esse difusor tem a função de impedir que vejamos as lâmpadas, ao mesmo tempo permitindo que a luz seja emitida de maneira bem eficiente. É um produto de material plástico e normalmente apresenta cor branca, podendo ser encontrado em preto, dourado e prateado também. Os de cor branca são os que normalmente utilizamos para construir o Plenum. A aparência é de uma colmeia de abelhas, mas com os furos quadradinhos, e são vendidos em “folhas”. Esse material também é utilizado para construção de filtros wet-dry por alguns hobistas. A construção correta para o Sistema de Jaubert é muito importante para sua eficiência de atuação. Diferentes variações surgem a cada dia, normalmente um pouco distante dos planos originais do Dr. Jaubert. Os sistemas que apresentam essas variações são normalmente chamados de “Jaubert Híbrido”. A maneira mais difundida de se montar o Plenum nos EUA é usando o egg crate, colocando duas camadas de uma tela fina, das usadas para prevenir mosquitos (material plástico), em cima do egg crate. Para o suporte do egg crate, formando o espaço entre o vidro e o substrato, colocam-se tubos de PVC de normalmente ¾ ou 1 polegada para aquários de menos de 380L de volume, embora segundo alguns autores o ideal seria de 1 à 1 ½ polegadas. Esses tubos precisam estar colocados de maneira à permitir que a água seja livremente e homogeneamente distribuída no Plenum. Pedaços de uns 10 cm do tubo usado para suporte podem ser cortados e colocados em uma distância de mais ou menos 10 à 15cm entre eles. Se tubos compridos forem usados para esse suporte, paralelos aos vidros laterais ou frontal, deverão ser furados de modo que a água flua entre os mesmos, evitando estacionamento da água, prejudicando o sistema. Muitos aquaristas utilizam as placas de filtro biológico de fundo, com a tela para construção do Plenum. Basta fechar a saída das torres do filtro com tela e cobrir com o substrato.

Alguns colam a tela no vidro, ou na placa sustentadora do substrato com cola de silicone para prevenir que partículas de substrato caiam no Plenum pelos lados. A maioria não cola, mas na hora de pôr o substrato, cuidado deve ser tomado. Colocando o substrato nas extremidades primeiro evitará com que tais acidentes venham à acontecer. Existem ainda os que fixam os sustentadores (no caso, os tubos de PVC) no egg crate, mas isso não é necessário, ao meu ver.
Qual o objetivo de usar o Sistema de Jaubert? Simples, é um sistema barato e que possibilita a desnitrificação (redução significativa de nitratos) através de sua área anaeróbica (baixa em teor de oxigênio). Nessas áreas, as bactérias utilizam o oxigênio do nitrato para o metabolismo, liberando muitas das vezes o gás de nitrogênio do aquário em forma de mini-bolhas. Dessa forma, com a presença de bactérias nitrificantes encontradas no sistema (parte superior do substrato e rochas vivas), existe praticamente o fechamento do ciclo do nitrogênio no aquário (nitrificação e desnitrificação). Com isso, o objetivo é de grande parte ou até mesmo todo o nitrato produzido no sistema ser convertido e eliminado do mesmo. Vale à pena lembrar que nitrato sozinho não é a razão de efetuarmos trocas parciais de água mensalmente, e essa atitude deve ser encarada como uma manutenção de grande ajuda para que qualquer aquário marinho se mantenha sadio. O Sistema de Jaubert não irá substituir os benefícios de trocas de água parciais.

Atualmente existe bastante polêmica à respeito do ideal material de substrato à ser aplicado à esse tipo de filtragem. Os que têm mostrado melhores resultados nos últimos anos são: aragonita, halimeda, ou mesmo coral moído. Aragonita ajuda o sistema com a dissolução suave de cálcio e algum reforço na reserva alcalina, sendo um dos melhores e mais utilizados substratos nos E.U.A. A Halimeda contém um pouco mais de teores de matéria orgânica do que a aragonita, mas também é um excelente substrato, com grande porosidade, com maior área para a dissolvência (cálcio). O coral moído apresenta quase que nenhuma propriedade de dissolução de cálcio, comparando com os substratos anteriores. Logicamente qualquer um desses substratos irão funcionar para o princípio de desnitrificação, quando adequadamente postos em prática. A mistura de aragonita e Halimeda é perfeitamente aceitável e muitas vezes funciona muito bem, além de dar um aspécto mais natural ao aquário. Alguns aquaristas misturam vários tipos de substratos com aragonita e/ ou Halimeda, incluindo areia de silica, corais moídos e conchas moídas, sem nenhum problema depois do sistema estar amadurecido. A areia de silica normalmente ativa a população de algas indesejáveis (silicato) e por isso deve ser evitada ao máximo.

O tamanho dos grãos dos substratos têm influência no processo de povoamento do substrato pelos organismos, afetando de certa maneira a desnitrificação. Substratos rígidos muito finos, como por exemplo do tamanho de grãos de sal de cozinha (<> 10mm) normalmente não são recomendados porque possibilitam muita entrada de luz, conseqüentemente ocupando a parte superior (mais área do que o almejado) com organismos fotossintéticos, principalmente algas, agindo negativamente no que diz respeito à desnitrificação e são facilmente/ constantemente bulidos por organismos de grande porte como os peixes e camarões. O ideal então é que o substrato seja de granulometria entre 1 à 5 mm, em sua maioria. Por outro lado, esses ubstratos de granulometria um pouco maior possibilita a reprodução de alguns mini-crustáceos que ajudam bastante no cardápio de peixes e mesmo de cnidários e moluscos.

Existem sistemas montados com substratos bem finos e que aparentemente não apresentam maiores problemas quanto aos pontos trazidos acima, normalmente sem organismos predadores dos micro-habitantes da cama do substrato e com esse sendo bastante rico em vida (normalmente depois de muitos meses de montado). Existem também os que foram montados somente com substratos relativamente grossos (grãos) que nunca deram problemas também, depois de bem amdurecidos. Isso tudo irá depender do sistema em si, dos organismos, da paciência, dedicação e observação do andamento do processo pelo aquarista. Em relação aos substratos finos, tenho notado que muitos podem apresentar ou não problemas (formação de substâncias tóxicas), enquanto que os que usam os mais grossos, às vezes não efetuam uma desnitrificação completa.

Com o uso da Halimeda porém o esquema é diferente porque ela é muito porosa e normalmente se comprime de tal forma a ajudar no processo de desnitrificação com o tempo, sendo uma ótima alternativa. Além disso, provavelmente existe uma facilidade maior para a Halimeda ser povoada mais rapidamente do que os outros substratos por causa de sua notável porosidade, além de poder manter logicamente mais quantidades de bactérias (e outros) por área do que os outros substratos. Os grãos de consistência mais rígida (coral moído ou mesmo aragonita), se passarem de um certo tamanho (grãos) poderão ter influência negativa no processo de desnitrificação, demorando mais à apresentar resultados satisfatórios, o que é difícil de ser entendido por muitos aquaristas. Quanto maior o grão, menor a área total disponível para o povoamento de bactérias, maior será a necessidade de altura do substrato então, e tempo para que comece a apresentar desnitrificação almejada (amadurecimento/ povoamento por organismos). Até mesmo substratos de consistência “gelatinosa” (natureza) são extremamente povoados por bactérias, quando comparados com substratos rígidos de diminutos grãos. Alguns substratos mais rígidos, com os grãos em dominância maiores de 4mm, por exemplo, dependerão do tanto de detritos produzidos no tanque (idade) e altura do substrato para que haja uma perfeita desnitrificação e ajudar na redução de nitrato (amadurecimento). Isso pode levar bastante tempo, como somente algumas semanas, dependendo do tipo/ quantidade de vida e da origem em que foram introduzidas no sistema.

Sistemas desnitrificadores de fundo com ou sem plenum deveriam conter uma mistura de diferentes medidas de grãos de substrato de fundo, variando de 1 à 5 mm, para que haja uma melhor distribuição da vida do substrato (grãos menores) e ao mesmo tempo uma perfeita desnitrificação feita pelas bactérias (grãos menores = +/- 1mm), sem que sejam formadas as substâncias venenosas (grãos maiores, até 5 mm, com excessão de grãos de Halimeda, que na maiorias das vezes são bem maiores, possibilitando diminuta circulação de água na área de cima do substrato). Um bom senso precisa ser seguido pelo aquarista, assim como um acompanhamento do amadurecimento do sistema.

Substrato de Halimeda pode ser tratado antes de ser utilizado, para eliminar parte dos componentes orgânicos presentes no material. O tratamento pode ser feito com cloro de maneira à deixar de molho e enxaguar depois com água doce. Algo semelhante já vinha sido feito na década de 80 para eliminar micro-algas dos esqueletos de corais usados na decoração de aquários marinhos. Portanto sendo comprovado a segurança. O cloro irá agir como “neutralizdor” desses compostos orgânicos, ajudando à evitar futuros problemas com algas indesejáveis.

E quanto à tão falada areia viva? Bem, areia viva nada mais é do que qualquer substrato de fundo que contenha vida presente. Existem inúmeros seres que habitam normalmente os substratos na natureza, mas muitos desses são impossíveis de serem mantidos em nossos sistemas fechados por longos períodos de tempo. Embora isso seja fato, muitos desses seres ainda sobrevivem e até mesmo se reproduzem com certa freqüência nos sistemas convencionais. Entre esses seres estão por exemplo: bactérias, copépodes, amfípodes, vermítides, minhocas, bactérias, parasitas, ofiuróides, dentre outros organismos, principalmente micróbios. Mas como é que se acha areia viva? Areia viva está por todos lugares nos oceanos, podendo ser coletada em locais limpos e mesmo fabricada pelo aquarista, simplesmente esperando que a vida das rochas vivas povoem o substrato de fundo. Mas será que os organismos das rochas não seriam diferente dos encontrados na areia em seus hábitats naturais? Alguns deles, mas grande parte desses seres vivem em ambos os meios e como os benefícios que basicamente pretendemos atingir (nitrificação, desnitrificação, mineralização, precipitação e transformação de detritos, por exemplo) com o Sistema de Jaubert são alcançados com os organismos também presentes nas rochas, felizmente podemos aproveitá-las para “semear” a nossa areia virgem. Normalmente isso começa a ocorrer depois de alguns meses do sistema montado, variando de sistema para sistema.

Diferentes organismos podem ser introduzidos através de areia viva coletada ou mesmo vinda de outro aquário já amadurecido e que apresente aparência sadia. Os parasitas de peixes ornamentais mais comuns normalmente reproduzem-se no substrato, logo um cuidado com contaminação vinda de outro sistema infectado é importante (doenças parasitárias estão presentes na maioria dos aquários de reef pois são importadas das lojas de peixes, onde é simplesmente impossível de se erradicar. Muitas vezes não é notada entre uma infestação e outra). A qualidade da areia viva (adquirida ou fabricada) é a principal chave para se obter sucesso com o Sistema de Jaubert.

O transporte da areia viva, principalmente quando coletada na natureza, deve ser feito com cuidado e bastante aeração, de preferência feita com pedra difusora de ar. Quanto menos volume de areia por volume de água em movimento, melhor. Se houver a possibilidade de transporte em poucos minutos, pode-se encher um balde com a areia viva contendo água do mesmo local da coleta, cobrindo somente alguns centímetros acima da areia. Esse procedimento vale para transporte em menos de uma hora e em pequenos volumes de areia. Se houver muita compressa na areia durante o transporte, com o peso, a maioria dos organismos morrerão e a qualidade da areia será muito prejudicada, principalmente no fundo. É dessa maneira que normalmente se transporta a areia viva comercializada para o hobby, pois praticamente falando é a maneira mais conveniente para todos. Quando grandes quantidades dessa areia são manuseadas, um processo de aclimatização é necessário, de preferência com o uso de um bom skimmer. Perda de alguns organismos a cada transporte de areia viva é inevitável e por isso existirá caimento na qualidade da água do sistema em que essa será introduzida.
Sempre devemos evitar de colocar tanto areia viva quanto rochas vivas não curadas em aquários já estabilizados contendo peixes e/ou invertebrados. Isso significa que todas as aquisições feitas de qualquer desses substratos deverão estar muito bem equilibrados com um sistema de quarentena (para curar esse substrato), montados especialmente para os mesmos. O início desse equilíbrio será marcado quando pelo menos os níveis de amônia e nitrito estiverem iguais à zero, com a água sem cheiro ruím. Aquaristas perdem exemplares de organismos à toda hora por descuidos referentes à essa observação básica e tão importante. O aquário (pode ser qualquer recipiente compatível) de quarentena para se curar tais substratos não requerem muitos pormenores. A montagem do mesmo pode ser feita em qualquer tamanho (quanto maior melhor) e com circulação abundante, sem iluminação artificial, ou luz natural forte, nem raios solares atingindo o mesmo. Trocas de água aceleram o processo de curar, mas devem ser administrados somente após a primeira semana para não interferir no processo de transformação bio-química. Um skimmer pode ser colocado no tanque após os 3 primeiros dias do começo do processo para amenizar um pouco o cheiro desagradável que ocorre em certas ocasiões. Se as condições do substrato de fundo (e/ ou rocha viva) à serem tratados não são das melhores (ex: partes extremamente danificadas ou pequenos círculos com odor forte, por exemplo), o skimmer pode ser colocado desde o momento em que se começa a quarentena. Todos os organismos mortos deverão ser descartados. Carvão ativado de boa qualidade também pode ser usado para ajudar um pouco, mas deve ser posto em prática após alguns dias, depois do skimmer entrar em ação retirando o excesso, pois o carvão se exausta muito rapidamente com o grande número de compostos orgânicos dissolvidos à serem retirados da água.
A foto mostra uma montagem do Sistema de Jaubert típica nos E.U.A. Note os tubos de PVC sustentando o egg crate e a tela de mosquito de plástico. Nessa montagem não foi usada a tela de separação para que os organismos não atingissem as áreas destinadas à desnitrificação. Uma seleção dos peixes e invertebrados precisa ser levada em conta nesse caso. O Plenum necessita de cobertura (ex: cartolina), evitando que pelo menos a luz externa penetre, causando possíveis problemas. Cascalho de coral foi usado como substrato, funcionando perfeitamente. Depois de muitos meses de montado o sistema desenvolveu uma enorme quantidade de vida no substrato com os níveis de nitrato bastante satisfatórios.

Retirada de detritos mecanicamente, com auxílio de uma mangueira de borracha (sifonação), também é aconselhável para uma ajuda na exportação do excesso de impurezas e material em decomposição, principalmente quando estamos nos referindo às rochas vivas (macro-algas, invertebrados mortos, etc.).

Alguns fazem esse tipo de quarentena de forma a trocar água constantemente. Na prática, gastasse muito sal sintético dessa maneira, tornando-se caro e sem necessidade. Quando água natural é usada para substituir o sal sintético nessas trocas de água sucessivas existe um retardo mínimo no processo por causa de matérias que são introduzidas do mar, como por exemplo organismos que morrem ou mesmo nutrientes e detritos, logo não fazendo sentido essa prática. De fato, fazendo trocas de água constantes no começo irá exportar grande parte do que é produzido (amônia e nitrito) e aproveitado pelas bactérias benéficas ao amadurecimento, e isso poderá retardar bastante o processo como um todo, necessitando cada vez mais trocas para se chegar a um equilíbrio. Algumas vezes leva-se bastante tempo para que haja esse equilíbrio em nossos sistemas, que é marcado principalmente pelo desaparecimento da explosão inicial de algas diatomáceas e filamentosas. Isso é normal e ao meu ver deve ser encarado pelo aquarista como o principal aliado (o tempo) para o sucesso no futuro.

O plenum, com sua massa de água, permite que haja uma "atração" de oxigênio das partes superiores do substrato. Isso ocorre muito lentamente (difusão). Dessa maneira a água presente no Plenum retém uma pequenina reserva de oxigênio e nitrato para enfatizar a ação biológica nas camadas mais profundas do substrato. Porque precisamos dessa reserva? Para que não haja uma formação de áreas anaeróbias (completamente sem oxigênio), como conseqüência ajudando a vida presente no substrato à exercerem suas funções apropriadamente. Essa vida no substrato irá prevenir que haja qualquer formação de produtos perigosos com sulfureto de hidrogênio, além de transformar parte do nitrato presente em gases menos tóxicos. Além disso, dependendo do sistema, habitantes, e do tipo de substrato, existe uma liberação de cálcio e até mesmo alguma ajuda no controle da reserva alcalina. A área do plenum não precisa ocupar obrigatoriamente toda a base do aquário, embora seja o ideal, mas sim pelo menos 2/3 da área do fundo.

O plenum apresenta melhores resultados quando mantido em ambiente escuro, prevenindo que haja o crescimento de micro-algas e cianobactérias. Aquaristas normalmente reportam deficiência, ou melhor, dificuldade de eliminação total de nitratos do sistema, quando o plenum vem a ser iluminado por qualquer motivo. Provavelmente isso acontece pelo desenvolvimento desses organismos fotossintetizantes, dentre outros fatores mais.
Ultimamente aquaristas procuram construir os sistemas desnitrificadores de fundo sem Plenum, afirmando que existe o acumulo de nutrientes no mesmo, como: nitrato, fosfato e principalmente silicato. Pouca informação concreta à respeito é esclarecida e provavelmente isso não ocorre em todos os sistemas montados com Plenum, podendo haver variações em diferentes aspéctos para diferentes montagens.

Aquários contendo sitemas desnitrificadores de fundo com e sem plenum montados e mantidos corretamente funcionarão perfeitamente e poucas diferenças serão notadas nos resultados. Riscos são um pouco maiores quando sem plenum, pelo simples fato de que existe uma ausência total de oxigênio e a formação de toxínas poderão não entrar num ciclo de transformações, sendo possivelmente perigosas aos habitantes quando em quantidades excessivas. Poucos são os aquaristas que reportam maiores problemas, porém. A quantidade de organismos presentes no substrato é importantíssima para que esses sistemas proliferem e possa haver um "controle" de formações excessivas desseas toxínas.

A circulação do aquário contendo um Sistema de Jaubert é importantíssimo. A coluna d’água próxima ao fundo deve apresentar uma corrente bem amena. Isso é essencial para uma mínima ajuda na penetração suave da água localizada acima do substrato de fundo em direção à área do plenum (essa penetração acontece de forma mínima e naturalmente, mas nunca deve ser estimulada em nenhuma forma. Isso também irá depender de uma série de fatores relacionados como: granulometria do substrato, tipo de substrato e outros fatores particulares do sistema. Isso é inevitável que aconteça, pois aquários de reef precisam de circulação para que os organismos possam florescer. Uma ótima circulação em aquários de reef não pode ser evitada). Uma agitação violenta no aquário, porém, poderá acelerar bastante o processo dessa troca de água de maneira à impedir que existam suficientes áreas de desnitrificação para suprir a demanda da utilização do nitrato. Logicamente estou me referindo à substratos que estejam sendo movidos fisicamente por água em movimento ou mesmo por alguns peixes. Uma maneira prática de conseguir o equilíbrio da circulação é conservar o movimento vindo das bombas e powerheads, direcionando-as à parte média-superior do aquário, ou seja, a parte dos 2/3 de cima da área visual do mesmo. Assim, nem mesmo os fortes jatos das Surge Devices irão causar danos ao Sistema de Jaubert. Outro aspecto referente à circulação, e que influencia muito no desempenho do filtro, é a colocação das rochas. Quanto menos rochas estiverem cobrindo a área da superfície do substrato de fundo, melhor a ação do Sistema de Jaubert e melhores os resultados na eliminação de nitrato e dissolução do cálcio do substrato. O ideal de 75% do substrato livre é aconselhado por Dr. Jaubert. Não é necessário que se eleve as rochas com tubos de PVC, como alguns recomendam, mas sim, evitar a aglomeração das mesmas. O uso de rochas fortes e pequenas na base, suportando as de maior porte, mais porosas (leves) é um meio seguro e natualmente estético de solucionarmos esse pequeno problema. Mais uma dica sobre as rochas, evite curá-las no aquário display. Curar as rochas primeiro, como descrito anteriormente, e depois montar o aquário principal é a melhor maneira de não "supercarregar" o Sistema Jaubert com detritos e material orgânico no começo do processo de amadurecimento do sistema, que por sinal poderão prejudicar o bom andamento do processo inicial de povoamento do substrato de fundo, dependendo da quantidade desse material presente.
No sistema desenvolvido pelo professor Jaubert, teoricamente falando, poucas trocas de água natural eram feitas (nos do Aquarium de Monaco alguns dos sistemas são mantidos semi-abertos, com pequenas quantidades constantes de trocas de água natural) e o uso do skimmer não era aplicado nesse sistema na época. A circulação do aquário era primária, feita através de difusores de ar e poucas bombas, para que houvesse apenas uma distribuição amena dessa circulação. Nos últimos anos, depois de aprimorarmos e experimentarmos melhor esse método de filtragem sabemos que o uso de um bom skimmer está em uma das prioridades para podermos manter os habitantes dos nossos tanques de acordo com as necessidades básicas de mantimento num sistema fechado, sendo assim um dos principais aliados ao Sistema de Jaubert em um longo prazo. Além disso, as trocas parciais mensais também são importantes e ajudam a exportar grande parte das impurezas presentes no sistema, além de repor muitos dos mais importantes elementos absorvidos pelos animais e algas calcáreas, como comentei anteriormente.

Com essa evolução, nos EUA, existe atualmente o que se chama de "Sistema Natural Euro-Híbrido". Esse sistema apresenta os princípios de combinações originárias de vários outros sistemas (como o Jaubert e o Berlin, por exemplo), acrescentando tecnologia (ex.:aparelhos eletrônicos) e antigos princípios, como as trocas de água. Normalmente esse tipo de sistema apresenta ótimos resultados e trazem bastante conforto ao aquarista moderno. Basicamente, é montado com: rochas vivas de boa qualidade; substrato de aragonita (sistema desnitrificador de fundo com ou sem a tela de separação, e/ou com ou sem plenum); um skimmer potente; luz forte (como HQI); ótima movimentação de água (uso de powerheads e bombas submersas). Entre as técnicas aplicadas à tais sistemas, como alternativa, estão: Surge Device; aparelhos eletrônicos para um controle das condições físicas da água; reatores de cálcio (de kalkwasser, ou de substrato com injeção de CO2); uso de carvão ativado; uso ou não de sump; emprego de ciclo lunar; uso de plantas como Mangroves, ditas como ajudantes na retirada de nutrientes (essa alternativa é de grande controvérsia atualmente e devería ser encarada e mais utilizada em aquários por estética, em sistema especialmente projetados, pois ainda existem contra-indicações quanto ao uso de Mangroves para sistemas fechados contendo organismos que floresçam em ambientes relativamente pobres em nutrientes, como a maioria dos corais de pólipos pequenos. Mangroves também tendem a amarelar a água do aquário mais rapidamente do que o normal e por isso necessita de cuidados especiais como: um processo de amadurecimento e equilíbrio com o sistema, podas constantes e prevenção de folhas amareladas caírem na água, além do uso monitorado de carvão ativado); etc.
De acordo com a evolução atual do hobby no mundo, esse método de filtragem não será a primeira nem a última das que serão descobertas, adicionadas e modificadas para conforto e melhor aproveitamento de ajuda da natureza em nossos aquários caseiros. Com certeza é um meio popular em muitos países e que quando bem construído, compreendido pelo aquarista, pode representar uma importante "ferramenta de trabalho". O mais importante é que é um método simples, de baixo custo e eficiente para que possamos prover maior conforto aos habitantes de nossos sistemas. Lembre-se, praticamente tudo referente à aquarismo marinho de reef deve ser encarado como um processo à longo prazo e o Sistema de Jaubert com certeza não foge à essa regra. O final de amadurecimento em aquários de reef demoram normalmente cerca de 6 meses à 1 ano e meio em média para se completarem. Essa é a lei básica do reef kepping.

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