quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Como Reproduzo Meus Ciclídeos

Não há dúvida de que a grande maioria dos aquaristas iniciaram-se no hobby por ficarem fascinados com as cores e formas dos peixinhos ornamentais. A visão de um cardume de Neons, das cores do imponente Betta, das formas e do nado do Kinguio (previamente o "peixinho dourado") impressionam a qualquer um que nunca teve contato com o mundo aquático. Mas o aquarista com certa experiência aprende a amar não só a beleza dos peixes mas também o seu comportamento, sua índole, a maneira com a qual se comportam e se relacionam. Muitas vezes o aquarista dotado de certo conhecimento compra um peixe não só pelo seu padrão de beleza, mas também buscando um animal de interessantes hábitos e particularidades. Nesse momento, o aquarista inclui em sua vida um grupo de seres dos quais jamais se esquecerá: A Família dos Ciclídeos.

São seres surpreendentes, pela sua resistência e inteligência. Aprende-se a amar os ciclídeos rapidamente, e a maior das surpresas que o criador dos animais pode ter é presenciar o comportamento destes quando começam os cortejos e as danças de reprodução. Para aqueles que tentam reproduzir ciclídeos, na minha opinião o que se há de melhor no aquarismo, apresento minha técnica pessoal para fazê-lo.
Dentre as espécies de ciclídeos que eu já reproduzi estão:

O lindíssimo Peixe-Jóia (Hemichromis bimaculatus), ciclídeo Africano Ocidental do qual tenho um casal que já desovou sete vezes, mas apenas uma delas com total sucesso, tendo nascido mais de 500 peixinhos; O Jack Dempsey original (Cichlasoma octofasciatum, previamente Cichlasoma biocellatum) também conhecido como "Jack Dempsey Cobalto" - tenho um casal que desovou uma vez; O Cichlasoma nigrofasciatum, que eu comprei pelo nome de Acará-Zebra, um casal que desovou uma vez; O Geophagus brasiliensis, popular Acará Diadema ou Ciclídeo Pérola - um casal capturado na represa Billings aqui em SP, que desovou também uma vez (os dois já foram devolvidos à represa, assim como os pouco mais de quarenta sobreviventes da ninhada). Uma vez um colega também aquarista me disse que para a reprodução de ciclídeos são necessários apenas a água, o macho e a fêmea. Depois de tantas reprodução sucessivas, eu tenho que concordar. Com relação ao tanque de reprodução: Eu uso para a reprodução um aquário de 130 litros (algumas das desovas ocorreram em um outro aquário, de 96 lts, já desativado). Tem fundo de areia muito bem lavada que eu extraí das margens de um rio em Mongaguá, no litoral sul de SP, com cinco pedras planas, compridas e largas colocadas horizontalmente em diversos pontos do tanque (aí serão postos os ovos). A iluminação é feita apenas pela luz do Sol que entra indiretamente pela janela que está próximo a ele - os ciclídeos se sentem mais à vontade em água com iluminação natural, ao menos os meus. O pH está estabilizado em 7.0 e a dureza eu nunca medi. O aquário não tem plantas e nenhum tipo de sistema de filtragem, mas eu troco 40% de sua água toda semana. A água que eu uso é amarronzada, pois vem de um tanque de concreto de 2000 litros que eu tenho no quintal de casa com alguns troncos maturando (poucos tem tal privilégio). Tenho certeza de que os peixes também adoram a cor mais escura da água, onde se sentem mais confortáveis. Aos que não dispõem de um tanque para preparar a água marrom, basta acrescentar um tronco comprado em lojas de aquários sem tratá-lo - apenas lavá-lo bem - no tanque. A temperatura fica em 28-30oC, pois o calor estimula o metabolismo dos animais, acelerando a desova e o crescimento dos filhotes. É um aquário que não me exigiu o menor custo (nem mesmo no vidro, que era de uma vidraça que foi desmontada e reaproveitada) e vem agradando muito os peixes, sendo muito fácil de manter. O aquário é também quadrado, tendo como medidas: 54,5x54,5x35cm.

Se for a primeira tentativa de reprodução do casal, eu ponho no aquário também um terceiro ciclídeo de outra espécie. O terceiro peixe não é realmente muito necessário e pode-se fazer sem ele, mas ajuda os pais iniciantes a desenvolverem um instinto protetor da ninhada que irão gerar, já que sentirão a cria ameaçada pelo invasor (isso vem dando bastante certo comigo). Esse procedimento diminui as possibilidades dos peixes devorarem os ovos, e só é necesário na primeira vez do casal. O casal vai atacá-lo, e deixo que ataquem um pouco, sem correr risco de perder nenhum dos peixes. O intruso pode ficar por dois ou três dias e depois será retirado (se estiver apanhando muito, tiro antes). Descobri acidentalmente isso na terceira desova dos meus peixes-jóia, que mataram o pobre Acará-Zebra que estava ali com eles (eu nunca pensei que fossem desovar).

Depois da desova, eu mantenho os pais com a cria até que eles comecem a rejeitar os filhotes. E isso varia muito - tem casais que passam a esquecer os filhos e até os atacam depois de um mês da desova, e outros dos quais a cria atinge o tamanho quase adulto sem ser molestada. Lembre-se de que os ciclídeos são pais muito competentes e protegem muito a cria - eu já tomei um monte de mordidas e bicadas enquanto limpava o aquário.

Alimento os peixes (inclusive os filhotes) com um patê bem simples e barato que meu pai desenvolveu, que tem a consistência farinhenta e é baseado na mistura de coração de boi, peixe congelado, fígado de boi, espinafre, cenoura, camarão congelado, alface, algas tipo espirulina (daquelas que se compra em loja de produtos macrobióticos) e o que mais der na telha (a gente mistura de tudo, e os peixes adoram e crescem muito). Bate-se tudo em um liquidificador, acrescenta-se um saquinho de gelatina em pó sem sabor e deixa-se no fogo em banho maria por cerca de trinta minutos. A mistura é espalhada em uma bandeja de aço-inox e vai ao freezer até endurecer. Para servir aos peixes, tira-se um pedaço e espera-se que ele descongele. Aí poderá ser servido. É um alimento extremamente rico.

Depois de um certo tempo os peixes maiores passarão a atacar os menores, e é hora de separá-los. Com cerca de 5 ou 6 centímetros os animais estão prontos para a venda. Eu vendi os Peixes-Jóia, os Nigrofasciatum e os Jack Dempsey em lojas pela cidade de São Paulo.

Eis o que eu tenho feito para ter desovas com sucesso, sem nenhum cuidado especial e livre de grandes preocupações. Isso prova que quando os ciclídeos estão interessados em fazer filhos não tem jeito e eles fazem mesmo. Prova? Os meus Peixes-Jóia comeram as duas primeiras desovas, pois não ligavam para elas. A terceira foi um sucesso. As próximas quatro - acredite ou não - só não deram certo porque eles desovaram em um ridículo aquário de quinze litros sem filtro, aeração ou vegetação que residiam enquanto o casal de Acarás Diadema cuidava do aquário de reprodução. Mas eles tentaram, então prova.

Um comentário:

Andre Luiz Marcello disse...

fala aí rick! meu nome é andre luiz e estou com uma duvida, sobre como reproduzir meu jack , pois só consegui o macho não tenho uma femea,vôce teria uma femea de jack pra vender ou sabe de alguem que tenha? você pode me ajudar? abraços andreguppy@gmail.com

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