quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O Aquário Natural - Como Montar?

A partir do instante que vislumbramos um rio, toda fauna e flora ficam explicitamente demonstradas ao nosso redor. Nossa maior busca, como aquaristas, está em tentar reproduzir o meio ambiente para os futuros habitantes de nossos aquários. Esse texto tem como principal finalidade ajudar a desmistificar os segredos e macetes, na montagem de um aquário natural, ou melhor dizendo, um tanque com peixes, plantas e invertebrados em equilíbrio e harmonia. Para fazer isso dependemos de parâmetros que devem ser respeitados.

Localização

Deve-se ter cuidado para ficar longe de outras fontes luminosas, para não interferir no crescimento das plantas e muito menos ajudar na proliferação de algas. A luz do sol não é a única causadora das algas, pois na verdade elas sempre estão lá, mas com a falta de manutenção (sifonagem - mensal, limpeza do vidro - quinzenal, troca de elementos filtrantes), água de má qualidade, alimentação exagerada (quantidade para ser consumida em um minuto) e peixes em demasia, há uma grande concentração de nutrientes, principalmente fosfatos e nitratos. E estes sim beneficiam o crescimento exagerado de algas.

O Tamanho do Aquário

Deve estar de acordo com a disponibilidade de espaço e/ou financeira. Não devemos esquecer que aquários maiores tendem a ser mais estáveis e fáceis de manter. Dê preferência também a aquários retangulares e mais compridos do que altos (altura máxima de 60cm) e quanto a altura e largura podem ser proporcionais. Como 50x25x35cm, 100x50x50cm ou 150x60x60cm. O aquário deve estar bem apoiado, sobre uma superfície plana e firme, com isopor embaixo. Este suporte pode ser um móvel próprio com armário e tampa para embutir a iluminação e esconder filtros.

Cascalho

O melhor é utilizar um areião lavado de rio, com diâmetro médio de 2 a 6mm e uma camada de 6 a 10cm. Isto serve para as plantas terem uma boa fixação de suas raízes. Nele misturamos um fertilizante (Hilena Initial Sticks) e laterita (100 gramas para cada 50 litros), rica em ferro, para um melhor desenvolvimento inicial das plantas.

Iluminação

A instalação das lâmpadas pode ser feita em uma tampa de madeira ou uma calha plástica ou de alumínio embutida ou suspensa, os reatores devem ficar distante da água, preferencialmente por fora e atrás. A potência necessária como regra geral é de 0,5 a 1W/L, ligadas por um temporizador ou timer de 10 a 12 horas diárias. As lâmpadas utilizadas devem ter um temperatura de cor na faixa de 5500 a 20000K, isto é, lâmpadas brancas até azuis. As mais usuais são as fluorescentes: 50/50 (50% azul actínica e 50% luz do dia 6500K), 10000K (luz branca de alto brilho) e Trichromatic (6500K), da Coralife; Gro-Lux (tom rosado) e Aquastar (10000K), da Sylvania; Aqua-Glo (tom rosado 18000K), Power-Glo (tom azulado 18000K) e Flora-Glo, da Hagen. E ainda as HQI, lâmpadas de vapor metálico de 10000K. Estas últimas podem ter a necessidade de utilizar um refrigerador em paralelo, pois acabam esquentando muito. Na verdade o que temos que fazer é uma mistura, homogeinização, de faixas de espectro luminoso, utilizando lâmpadas variadas para otimizar o crescimento das plantas. A luz rosada (Gro-Lux e Aqua-Glo) faz a planta crescer na longitudinal, para cima; a luz branca (10000K ou Aquastar) é mais uniforme e dá um brilho maior; a luz azulada (Power-Glo ou 50/50) faz um crescimento na transversal, na largura da planta. O ideal é deixar o aquário sem tampas de vidro para melhor penetração da luz e crescimento de algumas plantas flutuantes. Se houver problemas para manter a temperatura na faixa dos 25oC, podemos utilizar ventiladores de fonte de computador, podendo ser ligado ao timer, juntamente com as lâmpadas.
Filtragem biológica, mecânica e química Chegamos à parte principal, o coração do aquário. Deve-se ter cuidado no dimensionamento da vazão dos equipamentos, para não haver circulação e filtragem demasiada ou escassa, verificar especificação do fabricante, tendo em vista, sempre, a sobra de filtragem e circulação. Em relação à filtragem biológica devemos dar preferência à filtragem externa, como os de areia fluidizada (Sea Storm, Merlin) e canister (filtros do tipo copo, p. ex.: Fluval) ou até mesmo, filtros externos (Millenium, AquaClear, Penguim) contendo elemento filtrante biológico, tendo o cuidado para, se necesário, lavar o elemento filtrante biológico na água que for retirada do aquário. O canister e o filtro externo tambáém podem fazer


filtragem mecânica e química.

Deve-se evitar o uso do filtro biológico de placa, devido ao fato de wdificultar o crescimento das plantas e principalmente por reter dejetos orgânicos excessivamente. O dry-wet (filtro feito com bio-balls) faz uma ótima filtragem, mas tem o inconveniente de fazer uma oxigenação bem reforçada, diminuindo assim o CO2 da água e consequentemente afetando os parâmetros necessários para o pleno desenvolvimento das plantas. E nada de utilizar compressores de ar.
A filtragem mecânica pode ser feita por um perlon (lã sintética) ou esponja dentro do filtro externo ou canister, para retenção de partículas em suspensão. Deve-se limpá-la quinzenalmente e trocá-la mensalmente. A filtragem química nem sempre é necessária, isto se houver trocas parciais freqüentes, mas podemos utilizar removedor de fosfato, para manter níveis de fosfatos baixos e evitando assim a proliferação de algas, principalmente as filamentosas e "petecas". O uso de carvão ativado fica restrito devido ao fato de retirar da água nutrientes e CO2, mas deve-se levar em conta a periodicidade das trocas parciais. Quanto à circulação, deve ser feita somente pelos filtros, sem a necessidade de bombas específicas e muito menos bolhas, que fariam eliminar o CO2 mais rapidamente. Todo esse aparato pode ficar pendurado no aquário atrás ou no lado para facilitar a manutenção.


Aquecimento

Deve ser feito por meio de um bom termostato com aquecedor, seguindo a seguinte regra de 1 a 1,5W/l. Deve-se manter a temperatura na faixa de 25oC a 27oC.
Decoração Pode ser feita com pedras de rio maiores e troncos previamente lavados. Para os troncos pode-se deixar em um balde com água e sal sem iodo (sal marinho na dose de 1 colher de sobremesa para 50 litros) por uma semana, depois mais uma semana no sol e de volta a um balde, somente com água doce, por mais uma semana. Isto faz eliminar boa parte do "tanino" (componente orgânico da madeira) que deixa a água com cor de chá. Mas também se isso ocorrer na montagem do aquário, basta fazer algumas trocas parciais de 20% semanais e/ou colocar carvão ativado por um mês. O "tanino" é alimento de alguns cascudos. Para melhor visualização do aquário, esconder fios, bombas e bugigangas e até mesmo para facilitar a manutenção, podemos colocar papel contact preto, pintar de preto ou ainda utilizar um painel na parte traseira e laterais.


Água

Depois de equipar todo o aquário, vem a sua colocação. A mais usual é a de torneira, mas temos que tomar cuidado com alguns fatores: cloro, metais pesados, fosfatos e abrasividade. Seu uso é destinado ao consumo humano, por ser potável, mas para o aquário não é uma água ideal. Devemos pelo menos usar algum tipo de condicionante, como o AquaSafe e ainda assim deixar descansando por alguns dias antes de utilizá-la. Podemos eliminar o problema da qualidade da água que utilizaremos, usando um deionizador ou um filtro de osmose reversa. O primeiro é um filtro que utiliza a pressão da rede distribuidora, forçando a passagem de água por um conduto contendo carvão ativado e uma resina catiônica e aniônica, eliminando assim os sais minerais, metais pesados, nitratos, fosfatos, entre outros elementos prejudiciais, deixando a água pura, somente H2O. E após essa filtragem adicionamos eletrólitos e ajustamos para o pH desejado com condicionantes que acompanham o filtro. O outro é um filtro que também necessita da pressão da rede, mas sua filtragem é simplesmente por pressão osmótica, passando por filtros com uma micro malha, bem fina, retendo assim a maior parte dos sais minerais e outros elementos contaminanes.

Plantas

Após alguns dias da água colocada (nesses primeiros dias não há necessidade de iluminação), com os filtros funcionando e os parâmetros de pH (neutro), KH (3 a 6) e temperatura em torno de 26oC, podemos habitar o aquário com as plantas, com o cuidado no posicionamento delas. Para isso podemos fazer um layout da disposição de plantas, troncos e pedras maiores. Plantas baixas na frente e no comprimento (Samolus sp., Echinodorus tenellus, Sagitaria subulata, Cryptocoryne nevillii e beckettii, Hygrophila difformis - sinemá), medianas no meio (Cabomba sp., Bacopa sp., Ludwigia sp., Hygrofila polysperma, Echinodorus amazonicus, E. portoalegrensis, E. horizontalis, Cryptocoryne wendtii, C. ciliata, Lobelia, Nymphoides aquatica - bananinha, Nymphea sp., Nuphar japonica, Anubias lanceolata), altas atrás e nas laterais (Aponogeton undulatus, A. crispus, Cryptocoryne pontederifolia, Vallisneria sp., Lagenandra lancifolia). Plantas como a Cardamine lyrata - avenca d’água, ou Vesicularia dubyana - musgo de java, podem simplesmente serem colocadas em cima de um tronco ou pedra. Microsorum pteropus, e Anubias nana, entre outras, devem ser plantadas num pedaço de madeira ou diretamente no tronco. Podemos também colocar algumas plantas flutuantes como Eichhornia crassipes - aguapé, Lemna sp. - lentilha d’água, Pistia stratiotes - alface d’água, Salvinia sp., Ceratopteris cornuta - samambaia d’água, pois ajudam a retirar o excesso de nutrientes, principalmente fosfatos.

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